RONALDO MOTA - Diretor acadêmico do ITuring
Meio ambiente, social e governança é a tradução literal para a sigla ESG (em inglês, Environmental, Social and Governance). Essas três palavras traduzem a necessidade de uma noção mais ampla de sustentabilidade na prática do mundo corporativo. Elas sugerem a necessidade das empresas se assumirem enquanto protagonistas, unindo a geração de valores econômicos com a preocupação ativa em questões ambientais, sociais e de governança corporativa.
ESG está presente hoje nas melhores empresas e a tendência é que essa relevância aumente no futuro próximo. Exemplo disso, segundo dados do Google Trends, estão nas buscas pelo tema que cresceram em torno de 250% até fevereiro deste ano. Cabe também destacar que o Brasil é identificado como o país latino-americano que mais tem acessado o assunto, hoje entre as 25 nações onde o tema é mais procurado.
De acordo com estudos da empresa PwC, até 2025, 57% dos ativos dos fundos mútuos da Europa só farão investimentos em iniciativas que valorizam a sigla. Mais relevante ainda é que 77% das empresas pretendem — no prazo de dois anos — não adquirir mais produtos que não sejam alinhados ao ESG.
As respostas a esse enorme desafio implicam mudanças de comportamento, de prioridades e da própria cultura organizacional, que deve envolver os profissionais, sejam eles de liderança ou não, contemplando todo o ciclo da empresa. Trata-se da formação continuada dos que já atuam enquanto colaboradores, como daqueles que serão absorvidos adiante, com objetivo de garantir a aprendizagem de novos ou revalorizados conceitos e de estratégias inéditas. Nesse sentido, educar para ESG é um eixo fundamental em qualquer plano bem-sucedido para cumprir essa missão.
Essa proposta carrega consigo a necessidade de atenção para a importância do social, do ambiental e de aspectos de governança, que implica em priorizar um conjunto de habilidades socioemocionais que antes não eram contempladas. Além da exigência do domínio de conhecimentos, técnicas e procedimentos tradicionais das atividades da empresa, o ESG apresenta demandas relacionadas à ocupação de um papel central para que os profissionais sejam capazes de aprender sobre novos valores e práticas associadas à sustentabilidade.
Para tanto, é indispensável que os profissionais demonstrem habilidades para resolver problemas, fazendo uso de métodos científicos e pensamento crítico. Além disso, uma abordagem educacional que incorpora ESG como elemento fundamental, valoriza habilidades de comunicação de forma que haja um cuidado com as pessoas, incluindo a promoção de mediações com flexibilidade e competência em todos os contextos. Usar a inteligência emocional com empatia e autocontrole, pode aumentar a capacidade de gestão individual e coletiva também.
Nesse contexto, que demanda uma visão panorâmica, é preciso que todos demonstrem capacidade de realizar atividades multitarefas, para facilitar análises apuradas e tomadas de decisões complexas. Da mesma forma, é imprescindível que exista colaboração em equipe de forma produtiva, com respeito e cordialidade, para entender características individuais, circunstâncias e promover ambientes criativos e de empreendedorismo, com processos coletivos e cooperativos.
Não existem receitas prontas, mas sabemos que a educação é, certamente, um dos pilares capazes de executar a tarefa de desenvolvermos nova cultura organizacional, onde temas de sustentabilidade, lato sensu, sejam, em breve, naturalmente internalizados em todas as etapas dos processos do mundo corporativo.
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