EDITORIAL

Visão do Correio: Meio ambiente no radar dos presidenciáveis

Correio Braziliense
postado em 18/08/2022 06:00

Desde 2019, as queimadas, as derrubadas de florestas, as invasões de áreas protegidas e de territórios indígenas bateram recordes. O desmatamento e as queimadas na Amazônia Legal, que engloba nove estados, chamaram a atenção de governos e ambientalistas em boa parte do mundo. A ação predadora não se restringiu à maior floresta tropical do planeta. Estendeu-se também a outros biomas, como o cerrado e a Mata Atlântica.

Cada presidenciável, a seu modo, condena o desmonte da política ambiental brasileira. Nos últimos três anos e oito meses, garimpeiros e madeireiros não enfrentaram obstáculos para invadir terras indígenas, reservas florestais para desenvolver suas atividades predadoras. A cada período, a perda de patrimônio natural atingiu níveis alarmantes.

Nos planos de governo, todos os candidatos referem-se à recuperação da Amazônia como um dos principais problemas a serem superados. Além do reflorestamento, os presidenciáveis revelam preocupação com os povos originários e tradicionais, reconhecidos como guardiões da floresta.

Hoje, grande parte desses povos está ameaçada por criminosos, garimpeiros e desmatadores. Os prejuízos causados pelos invasores vão além das florestas. Eles são responsáveis também pela contaminação de rios e outros corpos hídricos, disseminação de doenças e crimes contra a vida. Além dos danos materiais, a imagem do país fica comprometida ante outras nações, que seguem o roteiro inverso. Nesses países, os governantes têm clareza de que é preciso adaptar os processos de produção e, assim conter, às atividades que colaboram para o aquecimento global, responsável pelos eventos climáticos extremos.

Atingir o patamar da sustentabilidade do país exigirá muito do governo que for eleito em outubro próximo. No caso brasileiro, não basta conter o desmatamento e as atividades predatórias ilegais. Há necessidade de rever o modelo econômico e as políticas sociais para que a fome, a miséria e o desemprego não sejam grandes estímulos à destruição do patrimônio natural.

A política ambiental perpassa e colabora para todas decisões nos campos social e econômico voltadas ao crescimento do país. A dizimação da flora não garante os avanços necessários para colocar o Brasil entre as nações mais desenvolvidas do planeta. Pelo contrário. Diante das ameaças climáticas, as nações, cada vez mais, têm preocupação de estimular as atividades produtivas harmoniosas com a natureza, o que implica a adoção de modelos sustentáveis em todas cadeias produtivas.

O Brasil não pode agir na contramão e se tornar um pária no cenário global. Os compromissos dos planos de governo dos candidatos ao Palácio do Planalto não podem se transformar em falácias, próprias de campanhas eleitorais. O planeta exige seriedade.

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