EDITORIAL

Visão do Correio: Varíola dos macacos causa preocupação

Em dois meses, o Brasil registrou 1.369 casos de varíola dos macacos. No Distrito Federal, até ontem, havia 38 casos confirmados e 97 suspeitos. Em Belo Horizonte, onde ocorreu a primeira morte provocada pelo vírus monkeypox, causador da doença, na última sexta-feira, 44 pessoas estavam infectadas e outra 142 sob investigação. A maioria dos casos está concentrada em São Paulo, com o registro de 1.031 pacientes, segundo informações do Ministério da Saúde.

Embora o índice de mortalidade da doença seja bem inferior ao da covid-19 — epidemia que persiste no mundo e levou a óbito  679 mil brasileiros —, o monkeypox  colocou em alerta infectologistas brasileiros e de outras nações. 

O Ministério da Saúde anunciou, na última quinta-feira, que foram solicitadas 50 mil doses de vacina contra a varíola dos macacos à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). A previsão é de que a primeira remessa de 20 mil doses chegue ao país no próximo mês e, assim,  iniciada a imunização dos profissionais de saúde.

O ataque do monkeypox ressuscitou o ciclo da varíola no mundo. Nos últimos 45 anos (desde 1977) não havia ocorrência de varíola humana. Para a nova versão zoonótica viral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a aplicação da vacina existente. Enquanto isso, cientistas trabalham para criar um imunizante específico para combater o monkeypox, que se espalhou por pelo menos 44 países — a maioria na Europa — e vem exigindo das autoridades sanitárias ações para conter mais essa crise sanitária.

Em março último, o Ministério da Saúde entrou em alerta com o surgimento do primeiro caso da varíola dos macacos no Reino Unido. Com a proliferação da doença,  em maio, criou a Sala de Situação Monkeypox para monitorar os casos em nível mundial. Hoje, o acompanhamento está sob a responsabilidade do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, juntamente com outras áreas da secretaria. As medidas tomadas até o momento não foram suficientes para colocar os brasileiros em alerta.

Os avisos até agora dados pelo poder público não são suficientes para colocar a população em alerta. Falta uma campanha com informações sobre como as pessoas podem se defender do vírus monkeypox. Inicialmente, deve-se evitar o contato direto com quem esteja infectado. Mas como saber quem é o portador da doença? É uma indagação que perturba a tranquilidade da população. Embora a maioria dos casos registrados tenha sido em pessoas do grupo LGBTQIA , a malária dos macacos não poupa mulheres grávidas, ou não, homens, idosos nem crianças.

As autoridades da saúde precisam, por meio dos veículos de comunicação, dialogar com a sociedade e apresentar recomendações para que os cidadãos possam se proteger. Informar sobre as medidas preventivas que estão sendo tomadas. As reuniões em gabinetes são importantes para decidir as ações do poder público, mas a crise impõe que as providências sejam levadas ao conhecimento da população.

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