EDITORIAL

Visão do Correio: A matemática não fecha

Foi divulgada uma atualização do Academic Ranking of World Universities (ARWU) com as melhores universidades do mundo, feita desde 2003, todos os anos, por uma empresa independente, a Shanghai Ranking Consultancy. O ranking é elaborado pela Universidade Jiao Tong, de Xangai, uma das instituições públicas mais antigas da China.

Na listagem, o Brasil tem 21 universidades, das quais nenhuma da rede privada. E isso apesar da carência de investimentos e dos cortes realizados em áreas como pesquisa, fundamental para o desenvolvimento do país. Trabalhos realizados durante a pandemia da covid-19, por exemplo, na busca por vacinas e soluções de controle da disseminação do coronavírus saíram de laboratórios de universidades e ajudaram a acelerar a corrida no combate à doença.

A Universidade de São Paulo (USP) se manteve na liderança entre as instituições do país, assim como em 2021, na faixa entre 101ª e 150ª instituição avaliada. Vale lembrar que a USP lidera também o ranking das instituições na América Latina.

Até a 500ª colocação, destacam-se a Universidade de Campinas (entre a 301ª e a 400ª), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sendo as três últimas entre a 401ª e a 500ª. A organização do ranking não fornece a posição exata de cada universidade nesse grupo de entidades — somente das primeiras 100 universidades que compõem a lista.

Entre as brasileiras, duas mineiras se destacam: a UFMG, na terceira posição, e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em 10º. A Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e a Federal de São Paulo (Unifesp) ficaram em 5º e 7º lugares, respectivamente, e a Universidade de Brasília (UnB) ficou em 13º, portanto, no Top 15 do Brasil.

As instituições norte-americanas são definitivamente as melhores do mundo. Entre as mil faculdades listadas, a Universidade de Harvard é a "pole position"', seguida por Stanford, Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Berkeley e Princeton. Entre as Top 10, apenas duas inglesas: Oxford e Cambridge.

Das 100 primeiras melhores, 39 são dos Estados Unidos, sendo que foram avaliadas 2,5 mil instituições, o que demonstra a supremacia norte-americana no ensino superior sobre o resto do mundo.

Portugal, considerado um dos maiores refúgios de brasileiros atualmente, tem apenas seis universidades entre as melhores do mundo, sendo a Universidade de Lisboa a primeira colocada, figurando entre a 201ª e a 300ª colocação, seguida pela Universidade do Porto, na mesma faixa.

Entre os indicadores levados em consideração para elaborar o ranking, foram utilizados quesitos como: número de alunos, quantidade de vencedores do Prêmio Nobel (sim, aquele), medalhas Fields (na área de matemática) entre os graduados e professores, e o número de artigos publicados em revistas científicas. São avaliados também os impactos das pesquisas realizadas ao longo do ano.

Embora o Brasil seja o país latino-americano com o maior número de instituições de ensino no ranking de Xangai — 21 —, seguido pelo México (quatro), Chile (quatro), Argentina (duas) e Colômbia (duas), a considerar a população brasileira, com mais de 212 milhões de habitantes (2020), seria mais ou menos uma universidade de qualidade para cada 10 milhões de brasileiros. Difícil de imaginar, não é? O melhor mesmo é não fazermos essa conta.

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