Os efeitos dos atos promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro em celebração ao 7 de Setembro na corrida eleitoral são o principal assunto discutido pela classe política nas últimas 48 horas. A grande dúvida é uma só: a mobilização vista nas ruas em Brasília, no Rio e em São Paulo será suficiente para mudar o panorama pintado até agora nas pesquisas de opinião dos principais institutos de pesquisa?
A primeira resposta sairá hoje à noite, com a divulgação de pesquisa do instituto Datafolha. Entrevistadores estão nas ruas desde ontem para captar a intenção de voto do eleitorado após os atos de quarta-feira — importante ressaltar que os assuntos principais da data, como "Independência" e os "200 anos", passaram praticamente batidos, sem citação direta em nenhum dos discursos. Os últimos levantamentos do Datafolha e do Ipec (antigo Ibope) apontavam uma vantagem de 13 pontos percentuais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a Bolsonaro.
O segundo ponto é a repercussão jurídica dos atos do 7 de Setembro. O PDT, partido de Ciro Gomes, entrou com ação contra Bolsonaro e o vice, general Braga Netto, no Tribunal Superior Eleitoral. A legenda pede investigação por abuso de poder político e econômico contra os dois, e que o presidente e o vice sejam cassados, se eleitos, e condenados à inelegibilidade por oito anos. Em entrevista ao programa CB.Poder especial, ontem, Bolsonaro abordou o tema: "A política é estar bem com o povo. Eles ficaram atônitos com a presença maciça da população na ruas". "Não era ato meu, era da população", emendou.
É fato que Bolsonaro conseguiu reunir uma grande quantidade de apoiadores nas ruas. Fotos e vídeos foram feitos à exaustão para serem usados na propaganda eleitoral. A ideia será mostrar a "adesão do povo" em contraste com os números apresentados pelos principais institutos de pesquisas. Por isso, uma das questões a serem analisadas é: o discurso de Bolsonaro no 7 de Setembro será suficiente para alcançar os eleitores indecisos e as mulheres, duas partes do eleitorado consideradas fundamentais para conseguir uma virada contra Lula? Ou ficará restrito a ecoar somente na bolha bolsonarista?
A certeza que tenho é que, a 23 dias do primeiro turno, a troca de acusações só tende a crescer a partir de agora. A artilharia será pesada, tanto no horário eleitoral quanto nas redes sociais. Nas ruas, a eleição costuma ser ganha nos 15 dias que antecedem o pleito — como disse na semana passada, são quando as ondas eleitorais começam a ser formadas. É o momento em que a maior parte da população — principalmente os que sofrem com os problemas reais do dia a dia, como o desemprego e fome — passa a decidir o voto, principalmente no plano local. Eu, por exemplo, não sei quais números vou digitar na urna para distrital nem federal. E você?
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