EDITORIAL

Visão do Correio: Boas notícias na economia

Correio Braziliense
postado em 13/09/2022 06:00

A economia brasileira, ainda que caminhando lentamente, começa a dar boas notícias. Nada que justifique um sentimento de euforia, mas, depois de um longo período de desempenho medíocre, analistas começam a ver um quadro mais favorável tanto para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) quanto para a inflação. Pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central, por intermédio do boletim Focus, aponta que a estimativa media de avanço para a atividade neste ano saltou de 2,26% para 2,39% e, para o próximo, de 0,47% para 0,50%. Ao mesmo tempo, as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) baixaram de 6,61% para 6,40%, em 2022, e de 5,27% para 5,17%, em 2023.

Os números, se não são motivo de celebração, deixaram governo e seus economistas mais tranquilos. Afinal, o Brasil está há anos sem crescimento econômico — a média de variação do PIB foi de apenas 0,3% na última década — e, mais recentemente, voltou a conviver com a praga inflacionária, cujos índices se mantiveram acima de 10% por um bom período. A pergunta que todos se fazem é se esse cenário menos ruim decorre de fatores temporários, provocados pela intervenção governamental, que injetou bilhões no mercado, especialmente por meio do Auxílio Brasil de R$ 600, e pelo corte dos impostos sobre combustíveis, ou é sustentado.

As dúvidas são tantas que o próprio Banco Central tem reforçado, em documento e por meio de discursos de seus diretores, que é preciso cautela. Qualquer descuido com a política monetária pode não só minar a confiança que leva ao crescimento econômico maior, como recrudescer a inflação. Essa postura cautelosa do BC faz com que a aposta majoritária seja pela manutenção dos juros em 13,75% ao ano na reunião da próxima semana do Comitê de Política Monetária (Copom), mas há a menor possibilidade de a taxa Selic ainda dar um novo pulo, para 14% anuais.

A retomada de um crescimento maior da economia, com a inflação sob controle, é fundamental para o país. Com tanta desigualdade social e a volta da fome — 33 milhões de brasileiros estão na miséria —, somente o avanço da produção e do consumo permitirá que a geração de empregos em volume suficiente para reduzir o fosso que separa ricos e pobres. Em momentos de crise, programas sociais são vitais para amenizar as mazelas que atingem em cheio os mais vulneráveis. Contudo, a agregação de pessoas ao mercado de consumo só se dá pelo avanço consistente da atividade econômica. Isso foi visto com clareza nos anos de 2000.

A reação da economia está se dando mesmo com o ambiente político tensionado pelas eleições extremamente polarizadas. Tal comportamento endossa a visão de que o Brasil tem potencial e pode se tornar um gigante desde que a calmaria, a credibilidade e a previsibilidade passem a ser regra. Infelizmente, nos anos recentes, o país enveredou por um caminho de conflitos e de turbulências. Cresce, portanto, a responsabilidade não só do atual governo, mas de todos os candidatos à Presidência da República para que a normalidade volte ao radar e um ciclo de investimentos de longo prazo consolide uma base de conquistas por parte, principalmente, da população mais pobre.

Não se pode esquecer que o Brasil já ocupou a sexta posição entre as maiores economias do mundo. Agora, é a 13ª, refletindo todos os retrocessos vividos nos últimos tempos, combinando recessão e inflação. Independentemente da posição política que se compartilhe, todos devem se unir em torno de um projeto de país que contemple o fim da miséria, a geração de empregos e renda, a inflação nas metas perseguidas pelo Banco Central. O Brasil, reforce-se, tem jeito. E a sociedade deve cobrar daqueles que estão ou que pleiteiam o poder o compromisso de uma vida melhor. Os brasileiros merecem.

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