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Artigo: Mundo torce por Brasil mais forte

"Os testes aos quais as instituições estão sendo submetidas atualmente podem resultar em um monstrengo de difícil administração"

Correio Braziliense
postado em 25/09/2022 03:55
 (crédito:  Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

O acirramento da disputa eleitoral no Brasil, a uma semana de os cidadãos irem às urnas, acendeu o sinal de alerta no mundo civilizado. O país é considerado peça-chave dentro do xadrez político mundial. O grande temor é de que a radicalização resulte em esgarçamento do tecido democrático, a ponto de eventos extremos jogarem para o alto conquistas tão importantes obtidas nas últimas três décadas.

Não resta dúvida de que a democracia brasileira se fortaleceu nesse período, governo após governo, mas os testes aos quais as instituições estão sendo submetidas atualmente podem resultar em um monstrengo de difícil administração. Entre os líderes das principais economias do planeta, o pedido é de que os brasileiros, independentemente da ideologia, exijam respeito à Constituição e inviabilizem qualquer ação à margem da lei.

O Brasil tem importância estratégica para o futuro da civilização. É um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com área cultivável suficiente para ampliar a agricultura, sem qualquer necessidade de derrubar uma árvore. Não há nenhum país no mundo hoje com tal capacidade. Detém, ainda, uma das mais ricas biodiversidades do planeta e energias renováveis, pontos fundamentais para o equilíbrio do meio ambiente e das condições climáticas.

Mais: tem uma indústria moderna e um mercado consumidor que interessa aos mais diversos investidores. Para incrementar esse potencial, bastam tranquilidade política e institucional e, claro, regras claras no campo econômico, que resultem em um ativo caro aos donos do dinheiro: previsibilidade. Portanto, nada além do que o país tem condições de oferecer, como mostrou em tempos recentes. São pontos fundamentais para que o Brasil mude de patamar.

Na visão dos líderes mundiais, o Brasil precisa voltar a crescer com urgência para reduzir as enormes desigualdades sociais que atormentam a todos que tenham o mínimo de empatia. Infelizmente, com a pandemia do novo coronavírus e, mais recentemente, com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o país voltou ao mapa mundial da fome. Essas disparidades estimulam a violência e colocam em risco milhares de jovens que sonham com uma vida melhor.

Não há exageros quando se diz que o Brasil é um país de oportunidades. O que passa dos limites é a incapacidade — ou mesmo o descompromisso — de governos de levarem adiante projetos que renovem o ambiente econômico, melhorem a qualidade da educação, transformem o sistema de saúde e resultem em uma infraestrutura capaz de suportar o avanço tecnológico que integra o mundo e permite avanços inimagináveis há poucos anos.

Os brasileiros, em sua maioria, demonstram estar dispostos a não decepcionarem aqueles que apostam no país como mola propulsora do desenvolvimento com equidade, com uma democracia forte, liberdade de escolha, respeito mútuo e instituições sólidas. Com tantos retrocessos mundo afora — a Itália deve garantir a vitória neste domingo da extrema-direita —, o Brasil tem por obrigação reafirmar seu compromisso com o Estado democrático de direito.

E nada mais relevante do que seguir nessa direção por meio do voto, no exercício pleno da cidadania. A escolha dos futuros governantes e dos próximos legisladores, em 2 de outubro, é direito inalienável, e o respeito ao contraditório, assim como a alternância do poder, faz parte do jogo. Que o bom senso prevaleça nesta semana que antecede o pleito, que as armas sejam colocadas de lado e a paz impere. Tempos obscuros não combinam com uma nação solar como o Brasil. Não há espaço para decepção.

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