EDITORIAL

Visão do Correio: Solidariedade é atitude que salva vidas

Correio Braziliense
postado em 29/09/2022 06:00

Mais de 59 mil brasileiros estão na fila de transplante à espera de um órgão para sobreviver. No Distrito Federal, são pouco mais de mil pacientes, e em Minas Gerais, 6 mil. Depois dos Estados Unidos, o Brasil é o país que mais faz transplantes em todo o planeta. Entre os muitos danos causados pela pandemia de covid-19, que eclodiu no início de 2020, um deles foi inibir os transplantes no país. Mas não só isso. Hoje, 45% das famílias não autorizam a retirada de órgãos do ente querido para doação.

Na tentativa de persuadir os familiares a permitirem a coleta de órgãos em favor daqueles que dependem de um transplante para viver, o Ministério da Saúde, na terça-feira — Dia Nacional de Doação de Órgãos — lançou a campanha, que tem como lema "Amor para superar, Amor para recomeçar". Uma pessoa pode salvar mais uma vida por meio de transplantes. Para os técnicos do governo, é fundamental que o tema seja conversado nos lares, e quem deseja ter seus órgãos doados manifeste a sua vontade aos familiares ou a deixe por escrito. Apesar dessa última opção não ser reconhecida pela lei, poderá sensibilizar o responsável pelo paciente. De acordo com a legislação vigente, sem a concordância da família, nada pode ser feito.

Em 2020, durante a pandemia, ocorreram 13.042 transplantes em todo o país, contra 23.360 em 2019, no âmbito do Sistema Único de Saúde. No ano passado, foram 23,5 mil procedimentos — 4,8 mil de rim; 2 mil de fígado; 334 de coração e 84 de pulmão, entre outros. O número de doações de medula óssea teve a maior queda: 30% entre janeiro e julho de 2020. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem só 1,9% de doadores regulares. Para a Organização Mundial da Saúde, o recomendável é ter entre 3% e 5% em relação à população. Hoje, no país, há 600 hospitais credenciados a realizar transplantes.

Na tentativa de reverter esse quadro, tramitam no Congresso Nacional projetos de lei, a fim de estimular a doação de órgãos. Um deles é de autoria do senador Humberto Costa, que estabelece o sistema de doação presumida, o que torna todo brasileiro doador. Ou seja, elimina a atual dependência de consentimento da família. Mas não seria um procedimento compulsório. O paciente pode deixar gravado que não deseja ter seus órgãos retirados para transplantes. A proposta está em análise no Senado Federal.

O apelo à solidariedade não é só do Ministério, mas, principalmente, de famílias e pacientes que aguardam uma chance de retomar a vida normal. Sabe-se que a perda de um familiar provoca uma dor imensurável, mas também é por meio da doação de órgãos que essa perda se transforma em cura para alguém. Nesse caso, a generosidade é o único medicamento para salvar quem pede socorro.

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