Análise

Artigo: Vamos para a festa da democracia, Liz

Eleição é como Natal e réveillon que a gente comemora desde a véspera, às vezes, é verdade, com direito a quatro anos de ressaca.

Ana Dubeux
postado em 02/10/2022 05:00 / atualizado em 02/10/2022 09:33
 (crédito: Maurenison Freire)
(crédito: Maurenison Freire)

Amor da voinha, hoje abri sua carta. Não havia dia melhor. Queria te dizer que dentro do seu envelope havia esperança. E eu, que não a desonro nunca, a convidei para entrar. Andava sumidinha essa amiga. Seu desenho é lindo. Escrevi uns números atrás dele. Minha cola para copiar nos botões da urna eletrônica. Vai nos dar sorte.

Enquanto escrevo ainda é sábado, mas estou com a roupa de ir, como a juventude diz quando recebe aquele convite irrecusável. Eleição é como Natal e réveillon que a gente comemora desde a véspera, às vezes, é verdade, com direito a quatro anos de ressaca. Para mim, eleição é a maior festa que existe. É a festa da democracia. Você já sabe o que é democracia, né, meu amor?

Sim, você sabe ofertar amor e carinho, sabe distribuir sorrisos e abraços, sabe o valor da natureza, sabe que a bondade, o perdão, a solidariedade, a liberdade e o respeito ao próximo são o que há de mais valoroso que existe. Seus pais estão fazendo um bom trabalho e nós desejamos um Brasil melhor para você. Desejamos que possa ir e vir, ficar e sair, dizer o que pensa, se expressar livremente e com segurança. Desejamos que você ame sem medo e que você seja tolerante com quem pensa diferente.

Democracia é tudo isso e sem ela muita coisa perde o sentido. Hoje é o dia do voto. Sabia que ele é mais poderoso do que qualquer arma, mesmo que tiro de canhão? O voto é flor que brota sem espinho. E o Brasil é hoje um jardim de 156 milhões de flores. Já imaginou tudo isso plantado na urna eletrônica? Dá para colorir um país todinho, dá para mudar muita coisa. Já imagino o tamanho da colheita.

Amo e sempre vou amar esse dia. Rezo, voto e saio para um dia longo de trabalho, sem hora para acabar. É assim desde que me tornei jornalista. E, apesar da exaustão e das suas broncas, me sinto muito bem em contribuir para informar a população.

Não se preocupe que já volto para o seu abraço, Liz. Porque olho para você, com esses olhinhos brilhantes e espertos que dizem tantas verdades, e entendo por que eu voto, por que é importante lutar pela democracia e por todas as nossas conquistas. É por você, pelas crianças, pelos velhos, famintos, órfãos, mães, por toda a gente, independentemente de cores, suas vozes, suas religiões, suas escolhas. Voto para seguir sendo eu e para que você possa ser o que quiser.

Um dia você vai votar, meu amor. E vai sentir a emoção que é. Tenho a sensação de que o voto hoje vale ainda mais e que vou sentir o coração bater como no dia da primeira dose da vacina. Vai ser bom e espero que esse sentimento bom se estenda até o fim deste longo dia.

No domingo de eleição de 2018, terminei meu artigo com essas palavras e acho que ainda são válidas:

"Saio hoje para votar ainda com o coração cheio de esperança porque mal ela não faz e é o que nos resta. Confio na capacidade de discernimento daqueles que estavam imersos em dúvidas, mas não se anularão. Confio naqueles que serão capazes de abrir mão de suas convicções pessoais para pensar no Brasil. Confio que tomei a decisão certa e confio que você, meu leitor, tomará também. Pense bem."

 

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