poliomielite

Artigo — Combate à poliomielite: histórvacinação

Correio Braziliense
postado em 25/10/2022 06:00
 (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

ARNALDO MEDEIROS - Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde

"Não esmorecer para não desmerecer." É essa conhecida frase do patrono da Saúde Pública no Brasil, Oswaldo Cruz, que dá a tônica do Dia Mundial de Combate à Poliomielite, celebrado em outubro. Em seu tempo, Cruz enfrentou a desconfiança da população frente aos imunizantes contra a varíola. A estratégia, entretanto, legou uma história de sucesso que, com o passar dos anos, se transformou no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Celebrado internacionalmente pela abrangência, o programa brasileiro é uma das ferramentas que garantiu o sucesso da erradicação da varíola humana e da eliminação da rubéola, incluindo a síndrome de rubéola congênita; do tétano materno e neonatal; além da poliomielite.

Embora o último caso confirmado de pólio no país tenha sido em 1989 no município de Sousa, na Paraíba, os índices de cobertura vacinal vêm caindo reiteradamente desde 2016, o que coloca o Brasil entre os países com alto risco de reintrodução da doença. As vacinas VIP (vacina inativada contra poliomielite) e VOP (vacina oral contra poliomielite), a famosa gotinha, chegam em aproximadamente 38 mil salas de imunização do país. Apesar disso, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite de 2022 atingiu cerca de 70% do público-alvo de crianças menores de cinco anos.

O que falta então para que o país consiga alcançar a cobertura vacinal de 95% contra a pólio? A resposta pode não ser tão simples, mas um triste paradoxo aponta uma direção. Já são quase duas gerações de pais, mães e responsáveis que não conhecem os efeitos devastadores desse vírus. São 32 anos sem que vejamos, com os próprios olhos, os óbitos, as sequelas, a recuperação difícil depois do contato com a poliomielite.

Essa falsa sensação de segurança pode fazer com que baixemos a guarda e negligenciemos o cartão de vacinação daqueles que estão sob nossa guarda e responsabilidade. Na correria da rotina, podemos não nos dar conta de que esse pedaço de papel é a garantia de que as nossas meninas e meninos recebam o que lhes é de direito, um imunizante seguro e eficaz, disponível gratuitamente em todo o país.

Parafraseando Cruz, é preciso manter o vigor na luta contra as doenças imunopreviníveis para honrar o esforço nacional que mantém os mais de 114 mil profissionais qualificados nas salas de vacinação, com 49 imunobiológicos disponíveis a pessoas desde o nascimento até a velhice. Ainda há tempo para reverter esse cenário preocupante e essa luta para evitar a reintrodução de vírus já eliminados no Brasil é responsabilidade de todos os brasileiros. 

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