Editorial

Visão do Correio: Todas as honras à democracia

Assim como no primeiro turno a paz prevaleceu, espera-se que nesta segunda e última rodada das eleições os brasileiros tenham a tranquilidade para sair de casa e exercer sua cidadania sem medo, a despeito de sua coloração política

Correio Braziliense
postado em 30/10/2022 04:00
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

O Brasil volta às urnas neste domingo para definir quem governará o país nos próximos quatro anos. Nunca se viu, desde a redemocratização, uma disputa tão acirrada e tão radicalizada. Infelizmente, pouco se debateu sobre o futuro da nação. Mesmo as minguadas propostas que chegaram aos mais de 156 milhões de eleitores aptos a votarem não trouxeram a profundidade que o momento exige. São enormes os desafios a serem enfrentados a partir de janeiro de 2023, a começar pela redução da pobreza e a retomada do crescimento econômico.

Mas, independentemente das frustrações com os programas de governo, há um fator gigantesco a ser ressaltado: a reafirmação da democracia brasileira. O regime que o país escolheu e que está consagrado na Constituição Federal deu mostras de que está mais vivo do que nunca. A população, em maioria, não vê qualquer possibilidade de abrir mão dessa conquista, cujos defeitos são muito menores do que as virtudes. As eleições diretas são a expressão mais clara do compromisso do país de que não haverá retrocessos.

Assim como no primeiro turno a paz prevaleceu, espera-se que nesta segunda e última rodada das eleições os brasileiros tenham a tranquilidade para sair de casa e exercer sua cidadania sem medo, a despeito de sua coloração política. O Brasil sempre deu exemplo ao mundo de que as escolhas para presidente da República e de governadores — 12 estados terão mais uma etapa de votação — são feitas em um clima de festa democrática, em que todos têm voz. Muitos dos problemas do passado, como o voto de cabresto, saíram de cena justamente pela maior consciência cidadã dos brasileiros.

Os avanços da educação ao longo de décadas tiveram papel vital nesse processo, assim como a participação mais ativa das mulheres, hoje maioria do eleitorado. A diversidade do país é um ativo do qual não se deve abrir não quando se fala de política, ainda que a representatividade de minorias esteja aquém da realidade em todos os níveis de governo e nos legislativos. Cabe, inclusive, à população a cobrança efetiva, por meio dos votos, para que o poder tenha a real cara do Brasil, não apenas das castas que, ao longo de décadas, ditaram os rumos da nação.

Nas duas últimas eleições, o Brasil foi obrigado a lidar com uma enxurrada de notícias falsas, muitas atentando contra o regime democrático. Esse descalabro foi facilitado pelas redes sociais. Isso aumenta a responsabilidade de quem governa e daqueles que fazem as leis no sentido de conter a desinformação e definir regras que punam, com rigor, a disseminação de fake news. Por mais resiliência que venha mostrando a democracia brasileira, por maior que seja a força das instituições, não se deve abrir brechas para mentiras.

Que as eleições deste domingo sejam um momento de reconciliação de amigos e de familiares, cujas posições políticas levaram ao afastamento e ao rompimento. Governos passam. Discordâncias são salutares para solidificar a democracia. É na guerra de ideias que está a direção para um país melhor. No debate construtivo, não há espaço para ódio e rancor. Pelo contrário. Portanto, que todos aqueles que saírem de casa hoje em direção aos locais de votação tenham a grandeza de se lembrarem que suas escolhas terão reflexos por longos anos na vida de filhos e netos. O Brasil, certamente, será uma nação mais próspera e menos desigual. Que assim seja!

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.