EDITORIAL

Visão do Correio: Risco climático afeta crianças e jovens

Correio Braziliense
postado em 12/11/2022 06:00

No mundo, pelo menos 1 bilhão de crianças estão expostas aos riscos climáticos. No país, 40 milhões (60%) de meninos e meninas brasileiros são vítimas das mudanças ambientais e do clima que ocorrem no Brasil e em todas as nações, segundo o relatório Crianças, Adolescentes e Mudanças Climáticas no Brasil, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado esta semana.

O documento não é só um alerta às autoridades brasileiras, mas também aos líderes que estão reunidos, no Egito, na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), pois crianças e adolescente têm sido os mais impactados com as alterações que ocorrem na Terra, devido à elevada emissão de gases de efeito estufa, às intervenções antrópicas no meio ambiente.

O estudo do Unicef destaca a importância de as autoridades de todos as nações darem prioridade às crianças e aos adolescentes tanto nos debates quanto na formulação de políticas para enfrentamento do aquecimento global. Essa parcela da sociedade é pouco, ou não citada, nas discussões sobre o tema. Ressalta que os eventos climáticos extremos — ciclones, queimadas e secas prolongadas entre outros fenômenos — colocam em risco a vida de todas as pessoas, mas impactam desproporcionalmente a parcela infantojuvenil em situação de vulnerabilidade socioeconômica e privada de muitos de seus direitos. Chama a atenção, principalmente, para negros, comunidades indígenas, quilombolas, migrantes, refugiados, crianças com deficiências e os que vivem em áreas de periferia nos centros urbanos.

A poluição atmosférica pode causar danos no cérebro das crianças, o que implica atrasos no desenvolvimento intelectual e afeta o comportamento. Além disso, os ambientes poluídos podem comprometer o desenvolvimento dos pulmões e o sistema imunológico, além de agravar as infecções respiratórias. Ante tragédias causadas pelos eventos climáticos extremos, as escolas, na maioria das vezes, são pontos de acolhimento de desabrigados. Assim, as aulas são suspensas para crianças e jovens, o que causa prejuízo ao aprendizado. Em 957 municípios, o estudo identificou 721 escolas em áreas de risco hidrológico, sendo que 525 são públicas; 1.714 em locais de risco geológico (1.265 pública). Ou seja, mais de 3 milhões utilizam unidades de ensino em áreas de risco e têm direito de estudar ameaçado.

Além da educação, a transformação climática afeta a agricultura familiar — fonte de alimento para os mais desvalidos —, a saúde, a segurança pública, os direitos sociais de crianças e jovens brasileiros. Todos esses impactos exigem do futuro governo comprometimento real com metas mais ousadas de redução das emissões de gases de efeito estufa e de transição para uma economia verde, e o desenvolvimento de políticas voltadas às comunidades mais vulneráveis, tanto nas cidades quanto no campo e nas florestas.

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