EDITORIAL

Visão do Correio: Mudança no clima exige mais audácia

Correio Braziliense
postado em 17/11/2022 06:00
 (crédito: HANDOUT)
(crédito: HANDOUT)

A população mundial superou a marca de 8 bilhões de pessoas. A Organização das Nações Unidas (ONU) avalia esse crescimento como um marco no desenvolvimento humano e, ao mesmo tempo, um aviso aos líderes que participam da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), na cidade de Sharm el-Sheikh, no Egito. Às vésperas do encerramento do encontro, há países que pretendem excluir do documento final a meta de conter a temperatura do planeta em 1,5ºC até o fim deste século, como acordado no Pacto de Glasgow. A prevalecer essa tendência, em vez de avançar, a marca da COP27 será o retrocesso.

O agravamento e aumento dos eventos climáticos extremos, com perdas de vidas e danos à economia dos países, impõem que os líderes das nações sejam mais audaciosos e estabeleçam metas ousadas para conter as emissões de CO² na atmosfera. Hoje, segundo a ONU, há 870 milhões de pessoas passando fome no planeta, e não é possível dissociar o clima e a produção de alimentos.

Aliás, a programação da COP27 contemplava essa temática à reflexão das nações. Na opinião de Alok Sharma, presidente da COP26, é absolutamente vital manter os termos de 1,5ºC. Não podemos nos dar o luxo de retroceder, não podemos aceitar um resultado fraco". Dos mais de 190 países que subscreveram o compromisso na última conferência de Glasgow, só 33 cumpriram o dever de casa. Adiar o cumprimento dos compromissos abriria brecha para uma diminuição também das metas nacionais de redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE), denominadas Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).

Ontem, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, um dos líderes mais esperados do encontro, cobrou mais determinação de todas as nações para reverter o aquecimento global. Segundo ele, o mundo vive um momento de crises, como as tensões geopolíticas, o abastecimento de alimentos e energia, a erosão da biodiversidade e o aumento intolerável das desigualdades.

Ele lembrou que não há dois planetas Terra e não haverá futuro se "continuarmos cavando um poço sem fundo de desigualdades entre ricos e pobres". Lula anunciou que, no seu governo, o combate à mudança climática terá o mais alto perfil. Além do compromisso com os objetivos da COP, o presidente eleito avisou que cobrará dos países ricos o cumprimento da promessa de liberar US$ 100 bilhões às nações pobres que têm dificuldade de mitigar o volume de emissões de gases de efeito estufa. Ele defendeu ainda a construção de um nova ordem internacional que vá além dos interesses nacionais, em favor de um mundo com menos desigualdades, mais justo e solidário e que contemple as aspirações de futuro.

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