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Opinião

Artigo: Pelé, vaiado?

Edson Arantes Nascimento, o Pelé — morto em 29 de dezembro último — foi vaiado certa noite. Não em um estádio de futebol, mas, sim, num ginásio de esportes.

 (FILES) In this file photo taken on May 08, 1960, Brazilian forward Pele dribbles past a defender during a friendly match between Malmoe and Brazil, in Malmoe.  The greatest living legend of Brazilian football, Pele, could add another to his long list of accolades: the Rio de Janeiro state legislature has voted to rename the city's iconic Maracana stadium for him. / AFP / -

       -  (crédito:  AFP)
(FILES) In this file photo taken on May 08, 1960, Brazilian forward Pele dribbles past a defender during a friendly match between Malmoe and Brazil, in Malmoe. The greatest living legend of Brazilian football, Pele, could add another to his long list of accolades: the Rio de Janeiro state legislature has voted to rename the city's iconic Maracana stadium for him. / AFP / - - (crédito: AFP)
postado em 03/01/2023 06:00

Aclamado pela genialidade enquanto Rei do Futebol, reverenciado como atleta do século e aplaudido em todo mundo, Edson Arantes Nascimento, o Pelé — morto em 29 de dezembro último — foi vaiado certa noite. Não em um estádio de futebol, mas, sim, num ginásio de esportes.

Em setembro de 1981, a TV Globo promoveu a segunda edição do MPB-Shell. Inicialmente, houve duas eliminatórias no Teatro Fênix, na antiga sede da emissora, no bairro do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

A finalíssima do festival foi realizada no Maracanãzinho, na Zona Norte carioca. Eu estava entre os jurados, ao lado de outros jornalistas, críticos musicais e de duas grandes personalidades: Pelé e Xuxa — então a mais famosa modelo brasileira.

Nas eliminatórias, Planeta Água, balada com temática ecológica, de Guilherme Arantes, surgiu como favorita. Quando, no ginásio, o cantor e compositor paulistano começou a interpretar a canção, foi ovacionado pelo público de 30 mil pessoas e visto como provável vencedor do certame.

Mas ao anunciar as três primeiras colocadas, Christiane Torloni deixou a multidão decepcionada e revoltada. O júri — segundo ela informou — havia escolhido como ganhadora do MPB Shell, Purpurina, de autoria do gaúcho Jerônimo Jardim, defendida por Lucinha Lins. Quando voltou ao palco para reinterpretá-la, a atriz e cantora foi vaiada estrepitosamente, assim como os jurados, entre eles Pelé — como foi dito.

Sobre Lucinha e nós, foram arremessadas uma profusão de bolinhas de papel e ventarolas de papelão. Observei que, com elegância, o Rei, esportivamente, absorveu aquela manifestação de descontentamento. Não assimilamos o resultado e houve quem atribuísse manipulação na escolha da música vencedora, pela produção do festival.

Tempos depois, Augusto César Vanucci, produtor do MPB-Shell, afirmou que a vitória de Jerônimo Jardim foi uma zebra. "Nem os jurados acreditavam na vitória desta canção", ressaltou. Enfim, enquanto Purpurina caiu no esquecimento, Planeta Água — que era a preferida de Pelé —, transformou-se num clássico da MPB.

Devido à beleza dos versos, a canção é vista como um hino sobre a preservação de recursos naturais, ao exaltar a importância dos rios, dos mares e fontes que alimentam o planeta Terra. Planeta Água é tão marcante na obra de Guilherme Arantes, que o levou a criar uma organização não governamental (ONG) com o mesmo nome.

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