CÁTILO CANDIDO - Presidente executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas)
Entramos o ano de 2023 cada vez mais cientes de que se estreita o campo de debate sobre a ampliação da reciclagem no Brasil. Estamos diante de um horizonte desafiador, em que estudos, pesquisas e análises científicas evidenciam que o planeta está prestes a ultrapassar um limite climático crítico, e o tempo que temos para pouparmos o mundo dos trágicos efeitos do aquecimento global está se esgotando. Por isso, é imprescindível expandir essa agenda para além do campo das discussões.
Nos últimos anos, incontáveis ações, projetos e iniciativas em favor das pautas de sustentabilidade, governança e sociedade ganharam volume e robustez nas métricas de companhias globais, permeando a formulação de políticas e as estruturas de investimento institucional a fim não apenas de assegurar investimentos, mas também trazer à tona a urgência de uma agenda ESG.
Ainda tenho dúvidas se, de fato, o olhar de governantes e lideranças corporativas para as práticas mais sustentáveis e gestão mais responsável ficou mais apurado a partir da pandemia. Porém, o que outrora tinha status de tendência tem se tornado uma realidade diante de um cenário delicado e incerto com os impactos contínuos das mudanças climáticas em todo o mundo, somada a uma crescente conscientização pública sobre os desafios sociais da desigualdade social. Vimos a necessidade de uma economia circular passar para a vanguarda.
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Mas o ano de 2023 pode ser uma encruzilhada para essa temática no Brasil. Por um lado, temos mudanças regulatórias significativas em debate no Congresso Nacional e desafios postos a um novo governo. Em 2022, por exemplo, celebramos alguns avanços regulatórios das políticas ambientais brasileiras como a nova Lei de Incentivo à Reciclagem, a carinhosamente chamada Lei Carlos Gomes em homenagem ao seu autor. Uma excelente oportunidade para sociedade, cooperativas, catadores e governo melhorarem e estimularem a gestão de resíduos sólidos em nosso país.
Em resolução recente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabeleceu a obrigatoriedade às empresas de apresentarem dados sobre aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa a partir de janeiro de 2023. Entre as recomendações desejáveis, estão metas ESG. São conquistas assim que nos motivam a seguir entusiasmados e atentos às oportunidades de posicionar o Brasil como potência global nessa frente.
Para além da esfera pública, no ano passado, quando apresentamos o nosso primeiro relatório de ESG do setor, Uma Lata, Um Planeta — trabalho inédito e inovador — vimos não apenas a união dos fabricantes de latinhas do Brasil pela sustentabilidade, mas também reafirmamos o compromisso do setor com a economia verde e desenvolvimento sustentável de toda a cadeia produtiva de uma forma muito transparente.
Inédito, o documento destaca os resultados alcançados pelo setor entre 2020 e 2021, consolida as metas entre 2030 e 2050 e revela que as fabricantes de latinhas estão aperfeiçoando ainda mais a sua circularidade, mesmo com excelentes índices já alcançados. Uma simples análise dos números dos fabricantes de latinhas e das ações setoriais nos faz compreender a seriedade com que esses temas são tratados pelo nosso setor.
Estamos iniciando um novo ciclo e, mais do que nunca, fortalecer relações e manter o ambiente cada vez mais convidativo ao diálogo é essencial, não somente para sensibilizar a opinião pública sobre a urgência de avançarmos nessa pauta em todos os setores, mas também promover a conscientização coletiva — principalmente dos tomadores de decisão — sobre os impactos de atividades ambientais de ações mais sustentáveis, baseadas em boas práticas que estimulem atividades baseadas nesse propósito. Nessa pauta, não temos mais espaço para divisões, é preciso somar.
Nosso setor está confiante de que a nossa bandeira da sustentabilidade vai ganhar reforços de organizações comprometidas com a implementação de projetos corporativos que visem à preservação do meio ambiente e uma sociedade mais igualitária. Com cada um fazendo a sua parte, temos a certeza de um amanhã melhor e um mundo mais justo para as atuais e futuras gerações.
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