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Artigo: Sagrado e profano

Irlam Rocha Lima é homenageado no Bloco da Rôla, em Barreiras, na Bahia -  (crédito: Arquivo pessoal)
Irlam Rocha Lima é homenageado no Bloco da Rôla, em Barreiras, na Bahia - (crédito: Arquivo pessoal)
postado em 28/02/2023 06:00

Confesso que, em tempo algum, vivenciei férias tão movimentadas e diversas — que foram do sagrado ao profano. Refiro-me à programação à qual eu me submeti de 1º a 26 de fevereiro, entre Santo Amaro da Purificação, Salvador e Barreiras — minha terra natal.

Tudo começou por Santo Amaro, onde participei do ciclo de novenas de Dona Canô — cantado por Caetano Veloso em Reconvexo, um clássico de sua obra. Assisti a três missas na igreja de Nossa Senhora da Purificação e acompanhei a procissão da padroeira pelas ruas da cidade.

Ah, sim, depois das missas eram apresentados shows de samba de roda e samba chula, além de outras manifestações culturais do Recôncavo Baiano na Praça da Matriz. E ainda tive o privilégio de saborear quitutes com a assinatura da matriarca dos Veloso — as receitas foram reunidas pela primogênita Mabel no livro O sal é um dom — num almoço da família Veloso, com a presença de Maria Bethânia e dos irmãos Rodrigo e Roberto e da irmã Irene.

Entre 3 e 13 de fevereiro, aproveitei ao máximo o clima festivo do pré-carnaval da capital soteropolitana. Destaco inicialmente o Festival da Paz promovido pelo legendário afoxé Filhos de Ghandy, coletivo criado por estivadores baianos sob a inspiração da não violência. O evento, que ocorreu no largo do Pelourinho foi aberto por Gerônimo Santana (autor de É d'Oxum), e contou com Gilberto Gil no encerramento.

Foi igualmente emocionante a homenagem prestada à inesquecível Gal Costa pela Orquestra Sinfônica da Bahia, na Concha do Teatro Castro Alves. No concerto, denominado O carnaval de Gal, sob a regência do maestro Carlos Prazeres. Embevecida, a plateia que superlotou aquele espaço, localizado no Campo Grande, ouviu desde a marchinha Balancê, de Braguinha e Alberto Ribeiro, a composições de Caetano Veloso como Chuva, suor e cerveja, Frevo novo, Frevo rasgado e Aquele frevo axé. Houve a participação da cantora Claudia Cunha e do cantor Zé Ibarra.

No último dia em Salvador, a distância, testemunhei uma avalanche sonora protagonizada pela Bahiana System (nova sensação da música baiana) numa gigantesca muvuca, chamada de Furdunço, que arrebanhou algo em torno de 100 mil pessoas,entre os bairros Ondina e Barra Avenida.

Já o carnaval, eu vivenciei em Barreiras, minha cidade-natal. Fui homenageado pelo tradicional e irreverente Bloco da Rola — criado por Bené 70 há mais de 50 anos. No sábado e na terça-feira esta instituição momesca desfilou por várias ruas da chamada capital do Oeste Baiano, até desembocar na Praça do Vieirinha, no Centro Histórico — palco da folia de raiz. Durante o percurso cantamos marchinhas clássicas da história o carnaval brasileiro e, claro, a que dá nome ao bloco, cuja letra diz: "Olha a rola, olha a rola/ Olha a atola fogo-pagô/ Que vai correndo, que vai correndo, atrás da pomba que já voou/ Todo mundo me dizia/ Que esta rola não saía/ Mas a rola está na rua/ Com prazer e alegria".

Daqui, faço justos e necessários agradecimento aos conterrâneos pela carinhosa acolhida que recebi, especialmente dos casais formados por Regina e Djalma e Jorge e Carla, que mantêm viva, firme e forte esta manifestação da cultura popular barreirense; além de outro querido casal formado por Zeca e Xica Alkmin, responsáveis pelo apoio logístico.

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