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VIOLÊNCIA

Artigo: Rhuan Maycon

O fim violento e cruel de um garotinho que praticamente só conheceu dor, medo e tristeza. Rhuan Maycon, 9 anos, foi esfaqueado até a morte na noite de 31 de maio de 2019, em Samambaia

Velório e sepultamento do menino Rhuan Maycon, de 9 anos, no cemitério Morada da Paz em Rio Branco (AC). -  (crédito: Arquivo Pessoal)
Velório e sepultamento do menino Rhuan Maycon, de 9 anos, no cemitério Morada da Paz em Rio Branco (AC). - (crédito: Arquivo Pessoal)
postado em 25/05/2023 06:00

Há quase quatro anos, era perpetrado um dos crimes mais bárbaros da história deste país. O fim violento e cruel de um garotinho que praticamente só conheceu dor, medo e tristeza. Rhuan Maycon, 9 anos, foi esfaqueado até a morte na noite de 31 de maio de 2019, em Samambaia. A história do suplício dele e o assassinato brutal jamais podem ser esquecidos.

Rhuan foi retirado do convívio do restante da família quando tinha 4 anos. O ser abjeto a quem chamava de mãe e a companheira dela fugiram com ele do Acre — o pai detinha a guarda. A partir daí, a vida desse menininho foi só pavor.

Vítima do ódio descomunal da mãe simplesmente por existir, sofria em silêncio os castigos violentos e diários, sem ter a quem recorrer, a quem pedir socorro. Descrito como calado e quieto, não podia sair à rua para brincar ou ir à escola.

As duas malditas, porém, queriam martirizá-lo mais. E assim fizeram. Um ano antes do assassinato, cortaram o pênis e os testículos dele, numa "cirurgia" caseira. Rhuan não recebeu tratamento nem teve acesso a um médico. Como alguém aguenta tamanho sofrimento, ainda mais uma criança? Por causa da mutilação, a urina só saía sob pressão, por um pequeno canal, e provocava dores lancinantes.

A rotina de abusos físicos e psicológicos, em nível inimaginável, caminhou para a extrema perversidade. Rhuan dormia quando recebeu a primeira facada, no peito. Seguiram-se mais 11. Foi decapitado ainda vivo. As criaturas demoníacas esquartejaram o corpo e queimaram algumas partes numa churrasqueira. Segundo a investigação, chegaram a arrancar a pele do rosto da criança para que não fosse possível a identificação e tentaram retirar os globos oculares.

As homicidas foram condenadas a mais de 60 anos de prisão cada uma. Ou seja, pelas sentenças, só deveriam sair da cadeia mortas. Mas, com a nossa legislação frouxa — até mesmo ante torturadores e assassinos de crianças e adolescentes —, a dupla abominável não tardará a voltar às ruas. Vai aproveitar a vida, direito que Rhuan não teve.

Em todos os aspectos, a história desse garotinho é devastadora. Uma criança que passou a maior parte de sua curta vida sem receber amor e carinho, que não teve direito àqueles abraços que transmitem conforto e segurança quando se está triste ou com medo. Só isso já é doloroso demais. E ainda se juntam as intensas torturas — durante cinco longos anos —, culminando com seu assassinato medonho! É um caso de impactar para sempre a nossa alma.

Sinto que devemos preservar a memória dele, de sua existência atormentada e da forma covarde como foi tirado deste mundo. Da minha parte, não o esquecerei. Rhuan estará marcado no meu coração enquanto vida eu tiver.

 


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