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Opinião

Visão do Correio: O Japão de braços abertos

Além dos laços culturais, o Brasil e o Japão têm fortes relações econômicas. As trocas comerciais entre os dois países têm crescido ao longo dos anos, com um amplo espectro de setores envolvidos

Lula chega ao Japão para cúpula do G7, onde terá sete encontros bilaterais
 -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
Lula chega ao Japão para cúpula do G7, onde terá sete encontros bilaterais - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
postado em 29/05/2023 06:00

Desde o desembarque do navio Kasato Maru no Porto de Santos, em 1908, trazendo centenas de pessoas vindas da terra do sol nascente, que os destinos de Japão e Brasil se entrelaçaram. Hoje, vivem no país cerca de dois milhões de descendentes dos imigrantes que chegaram para trabalhar em lavouras, no que é considerada a maior população de origem japonesa fora do Japão. Essa comunidade é um símbolo vivo da integração entre as duas nações.

As marcas da imigração japonesa na cultura nacional são inúmeras e notáveis, e contribuíram significativamente para o desenvolvimento do país. Vão desde a popularização da culinária típica, com sushis, sashimis e yakisobas sendo facilmente achados em qualquer cidade brasileira, passando pelo aperfeiçoamento de técnicas agrícolas, pelo esporte, pelas artes, com destaque para a artista plástica Tomie Ohtake, e pelo entretenimento — quem não conhece a atriz Daniele Suzuki, a cantora Fernanda Takai e a apresentadora Sabrina Sato?

Além dos laços culturais, o Brasil e o Japão têm fortes relações econômicas. As trocas comerciais entre os dois países têm crescido ao longo dos anos, com um amplo espectro de setores envolvidos, como automobilístico, tecnológico, agrícola e energético. O Japão é um importante parceiro comercial para o Brasil, e a relação bilateral é fundamental para impulsionar o crescimento econômico de ambas as nações.

Por isso, é bem-vinda a notícia de que o primeiro-ministro Fumio Kishida pretende isentar brasileiros de visto para a entrada no Japão. Hoje, quem pretende visitar o país oriental precisa desembolsar cerca de R$ 100 pelo documento, além de aguardar um prazo que pode ser indeterminado. Com o gesto, o governo japonês abre para os brasileiros as portas de um gigante econômico, a terceira maior economia do mundo em PIB nominal e a quarta maior em paridade de poder de compra.

Nesse contexto, é essencial que o governo brasileiro também adote medidas de reciprocidade. Ao isentar viajantes japoneses de visto para visitar o Brasil, o governo demonstraria um compromisso em fortalecer os laços bilaterais, incentivando o turismo e facilitando o fluxo de pessoas entre as duas nações. Essa atitude poderia reforçar a cooperação em diversos setores e abrir portas para novas oportunidades comerciais e culturais. A isenção de vistos para viajantes japoneses também poderia contribuir para a promoção do Brasil como destino turístico internacional.

Além disso, o gesto do governo de Fumio Kishida é um sinal de que a sociedade japonesa pretende superar o seu desconforto em relação aos dekasseguis. São os descendentes de japoneses que inverteram o fluxo migratório a partir dos anos 1980 e voltaram para o Japão, em busca, principalmente, de trabalhos em fábricas, em um movimento que foi malvisto originalmente. Mesmo com o preconceito, hoje são cerca de 300 mil nipo-brasileiros vivendo por lá, em mais uma prova da conexão entre os dois países.

O momento, portanto, é propício para que se busque um estreitamento dessa relação, em que todos têm a ganhar. Facilitar o fluxo de pessoas entre as duas nações reforça a cooperação bilateral em diversos setores e, certamente, abrirá portas para novas oportunidades comerciais e culturais.

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