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Universidade de Brasília

Artigo: Dione, as cartas para o futuro e 20 anos das cotas na UnB

Diante dos obstáculos jurídicos, responderam com dados e argumentos científicos. Não foram poucos os desafios, nem as barreiras, impostos à ideia de instituir cotas para estudantes negros e indígenas na Universidade de Brasília

Servidores técnico-administrativos da Universidade de Brasília (UnB) marcharam pelo campus Darcy Ribeiro, nesta quinta-feira (25/5), em protesto pelo corte da Unidade de Referência Padrão (URP). -  (crédito: Reprodução/UnB TV)
Servidores técnico-administrativos da Universidade de Brasília (UnB) marcharam pelo campus Darcy Ribeiro, nesta quinta-feira (25/5), em protesto pelo corte da Unidade de Referência Padrão (URP). - (crédito: Reprodução/UnB TV)
postado em 11/06/2023 06:01

Lá atrás, antes de saber se daria certo, fizeram o certo. Diante da dúvida, não recuaram. Diante das críticas, não se intimidaram. Diante dos obstáculos jurídicos, responderam com dados e argumentos científicos. Não foram poucos os desafios, nem as barreiras, impostos à ideia de instituir cotas para estudantes negros e indígenas na Universidade de Brasília (UnB).

Há 20 anos, completados no último 6 de junho, a política de cotas foi criada na UnB, uma década antes de o Brasil inteiro aderir à medida. Na semana que passou, tivemos o prazer de receber a professora da Faculdade de Comunicação da UnB Dione Moura, que foi relatora da Lei de Cotas no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), no podcast do Correio. Dione era responsável por organizar os processos para participações em audiências públicas no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. Ela foi convidada para falar sobre as conquistas advindas da Lei de Cotas.

A semente plantada na UnB serviu de modelo porque frutificou. Mudou o perfil do estudante da universidade pioneira. Estimulou movimentos sociais que culminaram em políticas afirmativas em outras universidades brasileiras. Instituiu o direito de fato aos estudantes negros a ter acesso à universidade, algo antes praticamente exclusivo a jovens da elite branca. A UnB não teve queda de qualidade e contribuiu para a erradicação da pobreza, com dados reais que atestam isso.

Dione apresentou também o projeto Cartas para o Amanhã, que celebra as cotas e cria uma rede de apoio e acolhimento para estudantes negros e indígenas que ocuparão a universidade daqui a 60 anos. A ideia é que as pessoas escrevam cartas para estudantes negras, indígenas, quilombolas, africanas que virão para UnB "estudar, criar cultura, criar ciência fazer extensão, ensinar".

Falou ainda sobre o seu novo livro, escrito em parceria com Deborah Santos. No dia 30 de junho, o livro Vá no seu tempo e vá até o final - mulheres negras cotistas no marco dos 60 anos da UnB será lançado às 16h na reitoria da UnB. Também um registro importantíssimo para mostrar a importância das mulheres negras na construção da UnB e a narrativa das mulheres negras, hoje já egressas, que chegaram à universidade pela política de cotas, mas também pelo esforço e pelo querer de suas famílias.

Passaram-se 20 anos e não existe mais nenhum questionamento sério e lúcido à importância e à eficácia das cotas como política afirmativa para contribuir pela redução da desigualdade e para o antirracismo. Dar acesso a negros e indígenas a um ensino de qualidade é obrigação, é reparação histórica. Além de tudo, é uma política pública extremamente bem-sucedida, o que é comprovado por dados.

 


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