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Meio Ambiente

Artigo: Mercado de crédito de carbono: alternativa em defesa do meio ambiente

Os dados evidenciam o peso de nossas escolhas para as consequências da crise climática

 18/05/2023. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Queimadas devido a seca próximo ao assentamento 26 de setembro. -  (crédito:  Minervino Júnior/CB)
18/05/2023. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Queimadas devido a seca próximo ao assentamento 26 de setembro. - (crédito: Minervino Júnior/CB)
postado em 11/09/2023 06:00

O relatório Estado do Clima Global 2022, da Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que os anos entre 2015 e 2022 foram os oito anos mais quentes de que se tem o registro. É preciso agir imediatamente redefinindo os nossos hábitos e estabelecendo novos pactos pela sustentabilidade. O painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas aponta que a mudança nos nossos padrões de consumo poderia reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) em algo entre 40% e 70% até o ano de 2025.

Os dados evidenciam o peso de nossas escolhas para as consequências da crise climática. Uma das alternativas para virar o jogo é a redução da emissão dos GEE, é o mercado de carbono. De maneira bastante simplificada, o mercado de carbono possibilita que diferentes atores sociais compensem as suas emissões de GEE adquirindo créditos gerados por projetos que visam tanto a redução como a captura de carbono.

No caso do mercado regulado, existe a intervenção governamental que estabelece limites de emissões e regula os preços do crédito de carbono em determinado local ou setor. Essa ainda não é a realidade do Brasil, mas há avanços nesse sentido. Já o mercado voluntário é organizado por empresas, organizações e pessoas físicas sem um mercado de balcão estabelecido, com negociações privadas conforme o projeto escolhido. Esse último caso corresponde ao modelo já praticado em nosso país. Vale lembrar que 1 crédito equivale a 1 tonelada de emissão de CO2 evitada ou capturada, e que existe a verificação da qualidade desses créditos de acordo com padrões internacionalmente estabelecidos.

O Brasil deve olhar com atenção especial para esse mercado. Segundo estudos da McKinsey & Company, o país concentra 15% de todo o potencial global de captura de carbono por meios naturais. Em termos globais, isso significa que a demanda de créditos de carbono pode saltar em 100 vezes até 2050, fazendo com que o mercado de créditos de carbono passe de US$ 1 bi em 2021 para algo em torno de US$ 50 bi em 2030. Ou seja, o Brasil tem tudo para liderar essa corrida.

É impossível desprezar esses números. Certamente os players do mercado financeiro devem fazer parte desse movimento, contribuindo com a sua expertise e solidez. Agora, em setembro, o Banco do Brasil estará em Nova Iorque participando de reuniões com diversos investidores externos e organismos multilaterais para formar parcerias e captar recursos com finalidade de preservação ambiental, especialmente no que se refere à Amazônia.

Estaremos em agenda do @PactoGlobalONU no SDGs in Brazil, no Delegates Dining Room, dentro da Sede da ONU em Nova York, às vésperas da semana da Assembleia Geral das Nações Unidas, para debater o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS, SDG em inglês) por meio de iniciativas de empresas, além de outros temas ligados à Agenda 2030, como direitos humanos, meio ambiente e governança. Este ano, durante o evento, acontecerá o lançamento de mais um Movimento da estratégia Ambição 2030, o Impacto Amazônia. Estamos levando debates importantes sobre esta Agenda ASG, que é parte inerente a todo relacionamento que mantemos com nossos públicos estratégicos. Somos o banco com uma das maiores carteiras de negócios sustentáveis do mundo, com R$ 321,6 bilhões de saldo, o que corresponde a mais de um terço da carteira total classificada do BB.

 Aqui, temos o compromisso, anunciado recentemente, de chegar a R$ 500 bilhões, por exemplo.
Hoje conseguimos apoiar os nossos clientes para a originação de créditos de carbono, por meio da parceria com empresas, startups e climatechs renomadas, oferecendo apoio técnico para a elaboração de projetos calçados em diferentes metodologias, como desmatamento evitado, recuperação de florestas e agricultura de baixo carbono, para ficarmos em poucos exemplos. Oferecemos, ainda, a possibilidade de nossos clientes adquirirem créditos para compensarem as suas emissões, de maneira a perseguirem a meta Net Zero para os seus negócios.

A participação de uma instituição financeira do porte do Banco do Brasil na construção e fortalecimento de um mercado ainda em desenvolvimento vai muito além da visão de oportunidade de negócio. Trata-se, antes de tudo, de um posicionamento estratégico que percebe a sustentabilidade como fator essencial para a geração de valor de maneira cada vez mais ambientalmente correta e socialmente inclusiva.

JOSÉ RICARDO SASSERON, Vice-presidente de governo e sustentabilidade empresarial, graduado em História pela Universidade de São Paulo (USP)

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