CLAUDIO L. LOTTENBERG
Sou médico transplantador de córneas desde 1988. Ainda na década de 1980, tive a oportunidade de criar um dos primeiros bancos de córneos do Brasil e, desde então, vivo intensamente a realidade do transplante no Brasil. ntretanto a história dos transplantes de órgãos no nosso país remonta a década de 1960, quando foram realizados os primeiros transplantes de rim. O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel crucial nessa área, garantindo acesso a tratamentos médicos, incluindo transplantes, para a população brasileira de forma gratuita.
Em 1985, o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) realizou o primeiro transplante de fígado do país. Nessa época, as técnicas e os procedimentos ainda estavam em desenvolvimento e os resultados não eram tão positivos comparado aos dias atuais. Nos anos 1990, houve um aumento no número de transplantes de fígado realizados no Brasil, com aprimoramento das técnicas cirúrgicas e dos cuidados pós-operatórios. O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a financiar o transplante deste órgão, o que tornou o procedimento mais acessível à população. Os anos 2000 foram marcados pelos avanços na área de transplantes de fígado. Hospitais de referência, como o Hospital Israelita Albert Einstein e o Hospital Sírio-Libanês, se destacaram nesse campo. O país também ganhou reconhecimento internacional por suas contribuições para o desenvolvimento de novas técnicas e tratamentos.
O Brasil teve seu primeiro caso de transplante cardíaco em 1968, realizado pelo cirurgião Euryclides de Jesus Zerbini no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Atualmente, o Brasil é um dos países líderes em transplantes cardíacos no mundo graças aos avanços na forma de captação, aos melhores conhecimentos de imunossupressão, o aprimoramento das técnicas cirúrgicas com dados que permitem resultados excepcionais.
O SUS começou a cobrir os transplantes em 1997, com a criação da Central de Transplantes. Desde então, a rede de transplantes do Brasil cresceu consideravelmente, incluindo procedimentos como transplantes de coração, pulmão, fígado e medula óssea. O SUS busca garantir a igualdade de acesso aos transplantes, independentemente da situação socioeconômica. No entanto, apesar dos avanços, a demanda por órgãos ainda supera a oferta. Por isso, a importância da doação de órgãos e do aprimoramento dos processos de captação, distribuição e transplante. O SUS é um pilar fundamental para tornar esses procedimentos acessíveis a todos os brasileiros que necessitam dele.
O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) cuja função de órgão central é exercida pelo Ministério da Saúde por meio da Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes (CGSNT), é responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no país, com o objetivo de desenvolver o trâmite de doação, captação e distribuição de órgãos, tecidos e células-tronco hematopoéticas para fins terapêuticos. O processo pode variar um pouco entre diferentes tipos de transplantes (rim, fígado, coração, etc.) e também pode estar sujeito a atualizações nas políticas e procedimentos do SUS. O objetivo principal é garantir que os órgãos sejam alocados de maneira justa e eficiente para quem mais precisa.
É importante ressaltar as situações de emergências em que a realização de transplantes de órgãos é urgente. Pacientes com condições médicas graves e que apresentam risco iminente de vida são colocados em uma lista de prioridade para transplantes. Essa prioridade é baseada na gravidade da doença e na necessidade urgente de um órgão para sobreviver. Muitas vezes o transplante de órgãos pode ser única esperança de vida ou uma oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de doação, portanto seja um doador!
CLAUDIO L. LOTTENBERG, médico oftalmologista e presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein
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