ALDO PAVIANI, geógrafo, professor emérito e titular da Universidade de Brasília (UnB)
Desde os anos 1990 até hoje, temos grande divulgação pela mídia das mudanças climáticas que estão sendo notadas no planeta. Aqui e ali, verificam-se intensas análises de como ao longo do tempo, temperatura, umidade e componentes do clima estão afetando regiões com maior ou menor impacto. Na Ásia, países enfrentam ora secas catastróficas ou enchentes que dizimam cultivos agrícolas, a criação de gado e afetam vilas e cidades e seus arredores. Para a proteção das populações, às vezes, os governantes devem tomar medidas protetivas com urgência, pois alguns fenômenos acontecem rapidamente, da noite para o dia.
No Brasil, inclusive, acontecimentos trágicos começaram a surgir, deixando rastro de vítimas e danos materiais em algumas regiões e mais intensamente no estado do Rio Grande do Sul. Nesse estado, houve enchentes em cidades, como Roca Sales e Muçum, onde se registraram mais de 40 óbitos e destruição de lavouras e mortes de animais. Outros eventos, que não havia há alguns anos como ciclones fizeram um quadro de destruição nunca antes acontecido. A meteorologia procura algoritmo capaz de antecipar essas tragédias e reduzir o risco para vidas de seres vivos, principalmente de humanos. Mas, ao que se sabe pela mídia é que essa ajuda só pode acontecer alguns minutos antes do evento catastrófico. De todo modo, para regiões já afetadas esse alerta já faz alguma diferença na salvação de vidas e de bens passíveis se serem atingidos.
De outro lado, as chuvas intensas têm provocado aumento do nível de represas fazendo algumas transbordar e também a provocar notícias falsas (fakes news) que amedrontam populações abaixo da represa. Disseminou-se informação falsa de que as comportas de barragens seriam abertas ao mesmo tempo em três geradoras de energia hidráulica, o que provocaria estragos enormes em localidades abaixo dessas barragens. Esse fato causou severos prejuízos materiais e psicológicos nessas populações.
Todavia, aos poucos, a verdade dos fatos desfez as inverdades e os moradores voltaram à vida normal e aos seus afazeres cotidianos. Rádios, jornais locais cooperaram em desfazer boatos, junto aos esforços e autoridades no sentido de que nada de mais ocorreria em função das chuvas contínuas. As enchentes podem ser devastadoras e causar danos. Os que moram em vales, ao longo do tempo, sabem recuperar os efeitos das enchentes e seguir em frente para recuperar o que perderam. E também desmentir as notícias alarmantes ou falsas.
Então, caberá analisar a quem servem os que divulgam mentiras. Amedrontar moradores não ajuda a superar a inclemência do tempo. Pelo contrário, as inverdades acabam se esvaindo pelo decorrer do tempo e ação dos que estão investidos de cargos públicos e a quem compete zelar pela tranquilidade dos habitantes de vilas e cidades próximas aos rios afetados em seu volume de água amedrontador. Há um lado da devastação que é ignorado porque pouco levado em consideração, que o solo fértil carregado pela correnteza dos rios. Estes, por onde passam, em seu ímpeto, transportam a superfície fértil e o humus e se tornam barrentos e prejudiciais aos cultivos e à criação de gado. As represas também são afetadas porque o solo trazido pelos rios acima pode reduzir a lâmina de água armazenada. Não se tem medida para evitar esse aspecto do que ocorre a respeito, a não ser a dragagem, cara e demorada de realizar, mesmo sendo super necessária.
Pelo que se descreveu, os fenômenos naturais causam inúmeros prejuízos mundo a fora e alguns cientistas procuram formas de se anteceder a esses fatos para atenuar ou mesmo anular perdas e danos. Isso, contudo, é tarefa para muitos anos à frente, quando satélites artificiais apropriados estejam na órbita terrestre fornecendo dados com a rapidez necessária para que se tomem medidas condizentes para evitar complicações nas infraestruturas ou ambientes urbanos. Então, tecnologias avançadas darão as necessárias medidas protetivas para evitar catástrofes.
A vida se renova pelo trabalho incessante e notáveis acontecimentos favoráveis à humanidade e aos que sofreram com a inclemência do tempo serão observáveis em todos os recantos, tal como acontece após as chuvas intensas no Rio Grande do Sul. Por fim, reproduz-se notícia da mídia, a seguir: “Último boletim divulgado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, às 12h desta 6ª (8.set), indica que 46 pessoas seguem desaparecidas, 3.046 estão desabrigadas, e 7.781 desalojadas no Estado. Na cidade de Muçum, no Vale do Taquari, o número de mortes é maior, são 15 no total. Roca Sales vem em seguida, com 10 vítimas até o momento.
Em vista disso, o governo federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinaram para o Rio Grande do Sul recursos importantes para o soerguimento social e econômico do estado, o que será importante para a área dos pampas. Também se espera que cessem as chuvas e se modifiquem as condições atmosféricas para os próximos dias.
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