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VISÃO DO CORREIO

Artigo: Planejamento familiar e a saúde da mulher

Pesquisa aponta que 62% das mulheres que já engravidaram no país tiveram pelo menos uma gravidez não planejada, o que demonstra que o Brasil precisa avançar no quesito educação sexual

Incidência da doença foi igual, independentemente da formulação do contraceptivo -  (crédito: Reproductive Health Supplies Coalition/Divulgação)
Incidência da doença foi igual, independentemente da formulação do contraceptivo - (crédito: Reproductive Health Supplies Coalition/Divulgação)
postado em 29/09/2023 06:00

A desinformação é, sem dúvida, uma barreira para o planejamento familiar no Brasil. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipec, a pedido da Divisão Farmacêutica da Bayer, revela que 43% das brasileiras internautas já usaram a pílula do dia seguinte, embora 52% dessas mulheres afirmem que a quantidade de hormônios nos métodos contraceptivos influencia em sua escolha.

O estudo constatou que o uso do medicamento é mais alto entre as mulheres entre 25 e 34 anos. De acordo com Eli Lakryc, vice-presidente médico da Divisão Farmacêutica da Bayer no Brasil e na América Latina, as pílulas do dia seguinte têm 1,5 miligrama do hormônio levonorgestrel, quantidade muito alta quando comparada a outros métodos contraceptivos.

A matemática é simples: uma única dose da pílula do dia seguinte equivale a meia cartela da pílula anticoncepcional padrão. O resultado não poderia ser diferente: o uso indiscriminado do medicamento causa efeitos colaterais consideráveis no organismo, como náuseas, sangramentos fora do período menstrual, dores abdominais, cansaço excessivo, dores de cabeça, sensibilidade nas mamas e vertigens. Portanto, a disseminação dessa prática é crescente, assim como os danos no organismo feminino, em idades ainda tenras.

Entre as respondentes que já recorreram à pílula do dia seguinte, 32% afirmam que não usam atualmente nenhum método anticoncepcional. Ainda em relação àquelas que já buscaram prevenção de emergência, 33% disseram utilizar pílulas contraceptivas e 24%, os preservativos. Mas apenas 5% das mulheres realizam a combinação entre os dois métodos (pílula e preservativo), enquanto 82% admitem não utilizar preservativos, o que potencializa riscos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), embora saibamos que os preservativos são considerados bastante eficazes para evitar a gravidez – e o único método capaz de evitar as ISTs.

Embora a eficácia contraceptiva de ambos os métodos utilizados concomitantemente (pílula + preservativo) seja considerada alta (98%), diversos fatores podem influenciar negativamente esse índice. No caso da pílula oral, aspectos como o uso irregular ou incorreto, a administração de antibióticos, antidepressivos e anticonvulsivantes, vômitos e consumo de álcool podem comprometer seu princípio ativo. Já em relação aos preservativos, a má utilização e a má conservação são as principais causas de sua falta de sucesso.

Em um outro estudo divulgado pela multinacional farmacêutica, em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Ipec, 62% das mulheres que já engravidaram no país tiveram pelo menos uma gravidez não planejada, o que demonstra que o Brasil precisa avançar no quesito educação sexual.

Fato é que muitos mitos ainda precisam ser derrubados, assim como crenças antigas e não comprovadas cientificamente, para que homens e mulheres saibam como conduzir a própria vida reprodutiva e mudar as estatísticas sobre a falta de planejamento familiar.

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