A guerra é a mais cruel manifestação da estupidez humana, que ainda resiste à evolução, à racionalidade e à civilização. Os ataques a civis inocentes, em qualquer conflito armado no mundo, são inaceitáveis. Derramar bombas sobre crianças nas escolas, sobre idosos em albergues, destruir lares, dizimar famílias inteiras é inadmissível. Nada justifica uma guerra!
Aprendemos a nos encantar com o que há de mais sublime produzido pela ciência, pela arte, pelo pensamento humanista e tantas outras maravilhas da criação humana, mas ainda não nos libertamos da fé cega e da faca amolada, do egoísmo, do ódio, alimentos dos instintos primitivos mais perversos, que motivam os conflitos, as guerras e genocídios como o holocaustro, os de Hiroshima, Nagasaki e tantos outros.
Ressalvadas as devidas exceções, não conseguimos até o momento realizar a utopia da educação necessária, civilizatória, na sua plenitude, que possa conter a violência, estimular líderes capazes de colocar a democracia e suas filhas: a política e a diplomacia, na dianteira da construção de um mundo sem guerras, de paz e harmonia entre os povos, e o desenvolvimento humano fraterno e justo.
Na guerra Israel x Palestina, estamos assistindo a uma barbárie. Nossa posição é de repúdio aos ataques à população civil de Israel. Da mesma forma repudiamos as humilhações do povo palestino perpetuadas desde a criação do Estado de Israel, as execuções seletivas, prisões e ocupações de seus territórios. É oportuno lembrar que Israel nunca respeitou as deliberações da ONU sobre o conflito entre os dois países.
Há de se respeitar todos os acordos assinados pelos governos de Israel e a Autoridade Palestina, principalmente os acordos de Oslo, firmados pelo presidente da Organização para Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, em 1995, e o então primeiro ministro de Israel, Yitzhak Rabin, mediados pelo presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. O presidente da OLP, Yasser Arafat, o primeiro-ministro Yitzhak Rabin e o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, foram agraciados com o Prêmio Nobel da Paz, pelos esforços em prol da convivência pacífica de palestinos e israelenses.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem o dever de fazer justiça, reconhecer a igualdade de direitos dos palestinos de ter seu Estado, como reconheceu o Estado de Israel. O Brasil tem a oportunidade histórica, agora na presidência do Conselho de Segurança, de construir uma solução com base no princípio da autodeterminação dos povos e nos marcos do direito internacional. Para isso, é imprescindível que as mais representativas lideranças mundiais sejam mobilizadas, juntamente com as instituições internacionais, para inicialmente negociar o cessar fogo. Depois estabelecer uma ampla mesa de negociação, capaz de colocar um ponto final nesse conflito.
Que a paz invada os corações de israelenses e palestinos e a diplomacia seja elevada, para conter a irracionalidade da guerra. Que sejam capazes de superar essa fase bárbara em que se encontram. Que evoluam para uma convivência civilizada, harmônica, onde a democracia possa prevalecer e a diplomacia se estabelecer como meio soberano de mediação dos conflitos.
* JOSÉ GUIMARÃES — Advogado, deputado federal, PT/CE e líder do governo na Câmara dos Deputados
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