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Visão do Correio

Furto de armas do Exército é sinal de alerta

O sumiço dos armamentos, que estavam destinados ao descarte por apresentarem defeitos supostamente irrecuperáveis, mostra que a atuação do crime organizado está espraiada por quase todas as instituições de segurança pública do país e chegou às Forças Armadas

Mais duas metralhadoras furtadas do Arsenal do Exército foram recuperadas no Rio. Um fuzil foi apreendido -  (crédito: Polícia Civil/RJ/Divulgação)
Mais duas metralhadoras furtadas do Arsenal do Exército foram recuperadas no Rio. Um fuzil foi apreendido - (crédito: Polícia Civil/RJ/Divulgação)
postado em 21/10/2023 06:00

Oito das 21 metralhadoras furtadas do Exército em São Paulo foram recuperadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Desaparecidas do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, e encontradas dentro de um carro roubado, na Gardênia Azul, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro. Onde estão as 13 metralhadoras que não foram achadas?

O sumiço dos armamentos, que estavam destinados ao descarte por apresentarem defeitos supostamente irrecuperáveis, mostra que a atuação do crime organizado está espraiada por quase todas as instituições de segurança pública do país e chegou às Forças Armadas. Não é de agora, haja vista o escandaloso caso de contrabatendo de drogas para a Itália num voo do avião presidencial da Força Aérea Brasileira (FAB), durante o governo Bolsonaro.

O furto das metralhadoras é um novo sinal de alerta. A ausência do armamento somente foi notada em 10 de outubro, durante uma inspeção de rotina. Imediatamente, o Comando Militar do Sudeste determinou o aquartelamento de 160 militares lotados no Arsenal e iniciou uma investigação que ainda não foi concluída.

O diretor do Arsenal de Guerra de São Paulo, o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, foi exonerado pelo comandante do Exército, general Miguel Ribeiro Paiva. Na melhor das hipóteses, foi um incompetente. A medida, porém, não resgata a imagem do Exército, desgastado por uma falha de segurança inaceitável para os próprios integrantes da Força. Demitir o comandante do Arsenal não responde à pergunta: onde estão as outras armas?

Obviamente, o Arsenal de Guerra de São Paulo, uma unidade técnica de manutenção, não deveria ter sua segurança devassada, ainda mais porque o Primeiro Comando da Capital (PCC) é uma organização criminosa que nasceu no estado e, hoje, está infiltrada na polícia, nas prefeituras e câmaras municipais, além de gerir negócios que vão muito além do tráfico de drogas. Das 13 metralhadoras calibre 50, armamento capaz de derrubar uma aeronave, somente quatro foram recuperadas. Ou seja, nove permanecem em poder dos bandidos. A Polícia Civil do Rio recuperou também quatro das oito metralhadoras calibre 7,62 que foram furtadas.

O general de Brigada Maurício Vieira Gama, chefe do Estado Maior do Comando Militar do Sudeste, admitiu que pode haver militares envolvidos no furto dos armamentos. As armas foram conferidas pela última vez em 6 de setembro. Em tese, todas as pessoas com acesso ao armamento deveriam ter sido cadastradas e filmadas. É preciso fazer uma investigação reversa, a partir da ação dos policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes que encontraram o armamento abandonado no carro. Há pistas que precisam ser levadas em conta, como o trajeto do carro.

Segundo o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, os policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, de janeiro a setembro deste ano, já retiraram das mãos de criminosos mais de 4.900 armas de fogo. O número de apreensão de fuzis aumentou graças ao trabalho de inteligência e ao aparato técnico da Polícia Civil. É preciso encontrar as demais armas e encontrar os responsáveis pelo sumiço. Não viajaram sozinhas e todo crime deixa um rastro.

 


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