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Visão do Correio

Atenção ao "segundo cérebro"

O que chama a atenção é que nunca a palavra "intestino" foi tão pesquisada pelos brasileiros como neste ano. Nos últimos 12 meses, o Brasil ocupou a terceira posição entre os países com mais interesse pelo assunto

Ilustração sobre doenças intestinais -  (crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)
Ilustração sobre doenças intestinais - (crédito: Valdo Virgo/CB/D.A.Press)
postado em 10/11/2023 06:00

Sabemos que o Google Trends, entre outras atribuições, é um norteador de popularidade das informações que estão em alta em determinado momento. É muito comum que os usuários queiram saber quais são os tópicos mais procurados em uma hora específica, na manhã de determinado dia ou na semana passada, por exemplo.

Algumas pesquisas, inclusive, diferem das buscas mais tradicionais. É o caso, por exemplo, de um levantamento recente do Google Trends. O que chama a atenção é que nunca a palavra "intestino" foi tão pesquisada pelos brasileiros como neste ano. Nos últimos 12 meses, o Brasil ocupou a terceira posição entre os países com mais interesse pelo assunto. Ao compararmos os primeiros quatro meses de 2023 — janeiro a abril — com o mesmo período há 10 anos, as investigações pela palavra "intestino" triplicaram.

Buscas pelas principais doenças inflamatórias intestinais, como doença de Crohn e retocolite ulcerativa, cresceram, respectivamente, 210% e 220% no último ano. A pesquisa por síndrome do intestino irritável, outra patologia comum, aumentou 190%. Entre as perguntas mais frequentes, destacam-se: "O que é constipação intestinal?" e "Como soltar o intestino?".

Não é à toa que os especialistas consideram o intestino como o "segundo cérebro". Contendo mais de 500 milhões de células nervosas e até nove metros de comprimento, o órgão não tem apenas a função de digerir alimentos, absorver e transportar nutrientes, mas também é parte pensante do corpo humano, como explicam especialistas. Isso porque, conforme estudos, o intestino atua sobre nossas emoções, nosso sono e comportamento.

Cada vez mais, cientistas têm atrelado o bom funcionamento do intestino à saúde mental. Estudos recentes mostram que ele tem influência sobre o estado emocional e até mesmo sobre o desequilíbrio mental das pessoas.

Em parte, isso se deve ao que comemos. E os excessos têm forte ligação com o mau funcionamento. Açúcar, alimentos ultraprocessados, carboidratos refinados e pouca fibra — aliados ao sedentarismo e a longas jornadas laborais em que as pessoas passam horas sentadas — contribuem em alto grau para a redução de movimentos peristálticos e, portanto, para um intestino "preguiçoso".

Além disso, os quadros emocionais, como estresse e insônia, e sentimentos negativos, como raiva e insegurança, quando somatizados, são mais um ingrediente maléfico para o órgão. As estimativas mostram que 50% da dopamina existente no corpo humano e 90% da serotonina sejam processadas nessa parte do corpo. O mau funcionamento dessa engrenagem acaba servindo de gatilho para quadros de baixa autoestima, compulsão alimentar, ansiedade e alucinações.

Em se tratando do país mais ansioso do mundo — no caso, o Brasil —, não é de se espantar que o trato gastrointestinal do brasileiro esteja pedindo socorro. Fato é que, embora sejam bastante repetitivas as falas dos médicos, alimentação saudável, prática de atividades físicas, redução de álcool, boas horas de sono, consumo de água e redução dos níveis de estresse continuam na receita da longevidade.

A exemplo do Março Azul-marinho, dedicado à prevenção ao câncer colorretal, é importante chamar a atenção para a saúde do intestino. Cabe ao poder público e a entidades médicas a união de esforços para convocar a população a se cuidar. Interesse em relação ao assunto existe — e muito —, como mostram as pesquisas de busca no Google.

 


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