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Economia verde

Soluções sustentáveis para um setor produtivo consciente

O país precisa ser moderno, ter o setor produtivo disposto a investir em ações de sustentabilidade e o setor público disposto a criar legislações e ampliar as regulações com esse viés de responsabilidade socioambiental

Ação do Ministério dos Povos Indígenas, Ministério do Meio Ambiente, Funai, Ibama, Força Nacional e Polícia Federal, sobrevoou nesta sexta-feira (10/2/2023) o território Yanomami em Roraima. Localizado o povo isolado Moxihatëtëa e a menos de 15km de um ponto de garimpo -  (crédito: Leo Otero / Divulgação MPI)
Ação do Ministério dos Povos Indígenas, Ministério do Meio Ambiente, Funai, Ibama, Força Nacional e Polícia Federal, sobrevoou nesta sexta-feira (10/2/2023) o território Yanomami em Roraima. Localizado o povo isolado Moxihatëtëa e a menos de 15km de um ponto de garimpo - (crédito: Leo Otero / Divulgação MPI)
postado em 14/11/2023 06:00

O Brasil do futuro passa, necessariamente, pela tecnologia, pela pesquisa, pela economia verde e sustentável. O país precisa ser moderno, ter o setor produtivo disposto a investir em ações de sustentabilidade e o setor público disposto a criar legislações e ampliar as regulações com esse viés de responsabilidade socioambiental.

Deixar para trás uma mentalidade arcaica, na qual o desenvolvimento econômico não combina com preservação do meio ambiente, não é algo fácil. Mas a boa notícia é que tem muita gente disposta a isso. E não apenas por conta da pressão pelos princípios contidos na ESG (Environmental, Social and Governance), que faz com que as empresas tenham um compromisso com a sustentabilidade, com a governança interna e com ações sociais. tampouco porque os consumidores estão mais conscientes e ameaçam boicotar marcas que não seguem esses princípios.

Acima de tudo, o setor empresarial brasileiro percebeu que a economia verde é o futuro. Que não adianta fechar os olhos para essa realidade, porque o planeta dá sinais de esgotamento de recursos naturais, de insumos para a produção. Além disso, a falta de cuidado com a natureza nas últimas décadas nos cobra a fatura em eventos climáticos cada vez mais extremos, ceifando vidas e causando prejuízos materiais, pessoais e mentais em todos nós.

No fim de outubro, em São Paulo, em um evento organizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), representantes de diversos segmentos produtivos debateram o papel do Brasil na Economia Verde Mundial. Um debate de alto nível sobre compromisso, mecanismos de financiamento, indústrias mais capazes de promover essa transição. O caminho não é simples, mas a conclusão geral é de que o Brasil pode, sim, ser vanguarda nesse debate.

Um dos painéis discutiu o papel do parlamento nesse debate. Puxado pelo presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, Arnaldo Jardim, foram debatidos os diversos projetos de lei que tratam do combustível do futuro, do mercado de carbono, do hidrogênio de baixo carbono, do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten). No início de novembro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), organizou um café da manhã na residência oficial para alinhar a chamada Agenda Verde. O presidente da Câmara já definiu que essa pauta é uma das prioridades do semestre.

A grande convergência desse debate, que inclui setor privado, público e pesquisas na academia, passa pelo Energy Big Push (EBP), uma iniciativa pioneira com o objetivo primordial de impulsionar investimentos substanciais e qualificados em soluções energéticas sustentáveis e inovadoras no Brasil. Ele surge a partir da parceria do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), em colaboração com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com a Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (Cepal).

O objetivo é elevar a qualidade dos investimentos sustentáveis brasileiros, tendo a inovação tecnológica como eixo central. Nesse ponto a Academia, com a qualidade e a excelência da pesquisa científica nacional, ganha um status essencial no debate. E o setor produtivo - com ações de empresas automotivas, por exemplo, buscando otimizar o uso dos biocombustíveis e eletrificar a frota, ou da indústria de petróleo, empreendendo esforços para descarbonizar seus processos, têm mostrado seus esforços em busca de um futuro de mais qualidade nos investimentos ambientais e sustentáveis.

E como acessar todos esses dados, muitas vezes dispersos? Entra em cena a plataforma Inova-e, operada pela EPE. Ela serve para ajudar na tomada de decisões estratégicas com indicadores, ideias, debates e soluções para ajudar àqueles dispostos ao bom debate, amparado em quatro pilares: políticas públicas baseadas em evidências e dados concretos; inovação acelerada com a implementação de soluções disruptivas no setor energético; integração de dados com o oferecimento de uma visão abrangente e estratégica do panorama energético nacional; e transição energética justa e sustentável. A plataforma possui informações sobre quanto, como, onde e quem está investindo em novas soluções energéticas sustentáveis no país, servindo como fonte valiosa de informação estratégica, tanto para empresas quanto para o governo.

O Brasil de hoje, mais do que nunca, sabe que respeitar o meio ambiente significa criar oportunidades para o setor produtivo nacional, num contexto global de demanda crescente para os "produtos verdes", aproveitando as vantagens comparativas e competitivas do país, que possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. Teremos um papel de destaque na COP28, em Dubai. E vamos sediar a COP30, de 2025, em Belém (PA). A caminhada é longa. Mas, para quem quiser trilhar essa estrada, basta olhar para o lado, que o EBP estará lá, ajudando a tomar as melhores decisões, unindo todos os parceiros que estiverem dispostos a construir esse novo Brasil.

MARCELO POPPE - Engenheiro eletricista, assessor do CGEE e coordenador do Energy Big Push

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