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SOCIEDADE

Shows da Taylor Swift e jogo das Eliminatórias da Copa jogam a imagem do Brasil na lona

A morte da estudante Ana Clara Benevides, de 23 anos, no show da Taylor Swift e a briga entre torcedores brasileiros e argentinos no Maracanã mostram que é necessário repensarmos a organização de espetáculos e jogos de futebol. Estamos atrasados. E não é pouco

Pancadaria no Maracanã antes do jogo entre Brasil e Argentina pelas eliminatórias da Copa: vergonha nacional -  (crédito:  AFP)
Pancadaria no Maracanã antes do jogo entre Brasil e Argentina pelas eliminatórias da Copa: vergonha nacional - (crédito: AFP)
postado em 24/11/2023 06:00

Em um intervalo inferior a 96 horas, dois eventos realizados nos dois maiores estádios do Rio de Janeiro atingiram em cheio a imagem do país no exterior. Se somos conhecidos pela cultura vibrante e por ter um povo hospitaleiro, a morte da estudante Ana Clara Benevides, de 23 anos, no show da Taylor Swift e a briga entre torcedores brasileiros e argentinos no Maracanã mostram que é necessário repensarmos a organização de espetáculos e jogos de futebol. Estamos atrasados. E não é pouco.

No sábado passado, o país acordou com uma notícia impactante. A morte de Ana Clara, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória no Estádio Nilton Santos, gerou uma onda de comoção e indignação, e levantou questionamentos sobre a realização de eventos para grandes públicos no Brasil. Em meio ao forte calor que atingiu mais da metade do país, milhares de pessoas reclamavam da dificuldade em comprar água e da péssima circulação do ar. Na prática, o público pagou caro por um ingresso para sofrer. Para se evitar uma nova tragédia, o show de sábado precisou ser adiado para a segunda-feira, com os espectadores já dentro do estádio. Exemplo nítido da desorganização.

Acredito que a adoção de lugares marcados é uma medida mais do que necessária. No exterior, é uma prática comum em shows e outros eventos públicos. Nos Estados Unidos, a maioria dos shows de grandes artistas ocorre em arenas ou estádios com lugares fixos. No entanto, é importante ressaltar que não é uma solução milagrosa. É preciso que seja acompanhada do treinamento das equipes de segurança e conscientização do público. Aqui no Brasil, por exemplo, terá que se mudar a concentração do público na pista. Em vez de aglomeração, com x pessoas por metro quadrado, será necessário colocar cadeiras para que cada um fique no seu devido lugar, e o valor do ingresso seja referente à posição escolhida. Quer ficar mais perto? Pague mais caro por isso.

Transmitida ao vivo para todo o mundo, a briga ocorrida no Maracanã — frise-se em uma partida de eliminatórias de Copa do Mundo — também deixou uma imagem negativa do Brasil no exterior. Afinal, se isso ocorre em um evento oficial entre duas das maiores seleções do futebol mundial, com policiais militares descendo o cassetete na cabeça do público pagante em meio a uma confusão generalizada, com feridos sangrando e danos materiais diversos, imagine como é a ação longe das câmeras de televisão. Depois dos enfrentamentos registrados entre torcedores do Fluminense e Boca Juniors, na final da Libertadores, não era mais prudente ter separado brasileiros e argentinos na partida da eliminatória da Copa? De 2014 para cá, o país recebeu uma Copa, uma Olímpiada e parece que não aprendemos nada com isso.

Os dois episódios mostram que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer em termos de segurança e organização de eventos públicos. De hoje a domingo, Taylor Swift vai se apresentar mais três vezes no Brasil. Desta vez, em São Paulo. Todos estarão de olho e na torcida para que tudo dê certo. Chega de amadorismo e incompetência. Segurança em primeiro lugar.

 


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