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Futebol

A lição de Paul aos técnicos

Faz parte do show, mas também da educação, empatia, do respeito a uma nação e do pertencimento a ela nem que seja por alguns dias. Isso tem faltado a alguns aos técnicos fora do país na Série A do Campeonato Brasileiro

 30/11/2023- Minervino Júnior/CB/D.A Press.Show do Paul McCartney sobe ao palco da Arena BRB Mané Garrincha  -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
30/11/2023- Minervino Júnior/CB/D.A Press.Show do Paul McCartney sobe ao palco da Arena BRB Mané Garrincha - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
postado em 09/12/2023 06:00

Aos 81 anos, Sir Paul McCartney dá aula de simpatia na turnê Got Back. Com a ajuda dos universitários, o eterno beatle se comunica com os fãs usando algumas palavras e frases no idioma de Camões. Foi assim em Brasília. Colocou em prática um "boa noite, véi" e disse "Show de bola". Usou gírias e sotaques nas passagens por Belo Horizonte e São Paulo. A tendência é ampliar o vocabulário nas apresentações em Curitiba e na mais esperada, no próximo dia 16, no Maracanã, Rio de Janeiro.

Faz parte do show, mas também da educação, empatia, do respeito a uma nação e do pertencimento a ela nem que seja por alguns dias. Isso tem faltado a alguns aos técnicos fora do país na Série A do Campeonato Brasileiro.

Dizem que a Europa não contrata nossos profissionais, entre outras razões, porque a maioria não fala inglês ou espanhol. Luiz Felipe Scolari teve dificuldade no Chelsea. Vanderlei Luxemburgo também no Real Madrid. O engajamento de Paul McCartney deveria servir de lição aos treinadores importados. A sueca Pia Sundhage, por exemplo, preferiu se comunicar em inglês nos quatro anos na Seleção feminina.

Não é fácil para o torcedor do Internacional, por exemplo, ouvir e entender as entrevistas coletivas do técnico argentino Eduardo Coudet. Trata-se da terceira passagem dele pelo país e não há o mínimo esforço para interagir em língua portuguesa.

O futebol do Flamengo não evoluía sob a batuta de Jorge Sampaoli. Em contrapartida, a relação com o idioma, sim. O argentino tinha aulas de português e exercitava timidamente o aprendizado nos contatos com a imprensa.

Os vascaínos precisam de concentração para compreender Ramón Díaz. Em vez de dizer "não vai cair", soltou "no va a bajar". Ao menos cumpriu a promessa. Manteve o Gigante da Colina na elite. É o segundo trabalho dele no Brasil. No primeiro, passou rapidamente pelo Botafogo. Estava doente. Deu nem tempo de se matricular no cursinho.

Para quem acha absurdo cobrar interesse pela nossa língua portuguesa, saiba que o poliglota Pep Guardiola trata o tema com extrema seriedade. Fala catalão, espanhol, alemão, inglês, francês e italiano. Antes de ele assumir o Bayern de Munique, fez imersão no idioma germânico durante o ano sabático nos Estados Unidos após deixar o Barcelona.

Campeão nas ligas da Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália, Carlo Ancelotti se expressa em vários idiomas. Falta o português fluente, porém o trabalho com inúmeros brasileiros torna a língua familiar ao técnico do Real Madrid — sonho de Ednaldo Rodrigues, o presidente destituído da CBF.

Disposto a realizar o sonho de trabalhar na Europa, Tite virou aluno depois da Copa. Faz curso de inglês. Sylvinho acumulou conhecimento por onde passou nos tempos de jogador e se vira muito bem na Albânia. Classificou o país para a Eurocopa-2024.

 


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