Para um ano que começou tenebroso, devido aos acontecimentos de 8 de janeiro, quando houve uma tentativa de destituir o recém-empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegamos a um final feliz em 2023. O saldo do primeiro ano do atual governo é positivo, melhor do que as expectativas pessimistas de janeiro. O país voltou à normalidade institucional, a economia reagiu positivamente e nosso lugar no mundo foi reocupado. O horizonte justifica nosso otimismo em relação ao ano-novo.
A inflação voltou a níveis administráveis, embora possa ser ainda menor. O desemprego foi reduzido e o país cresceu acima do que era esperado pelos analistas, para sorte dos agentes econômicos e da população. A política fiscal ganhou mais racionalidade. Com a Reforma Tributária, espera-se um ganho de produtividade e inovação capaz de alavancar a modernização da economia brasileira.
Nesse aspecto, a grande chave do futuro é a economia verde. Essa mudança de paradigma abre uma grande janela de oportunidades para o Brasil, que se prepara para receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025. Espera-se um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante a Conferência, dos quais sete mil serão membros das equipes da ONU e delegações de países-membros.
O mundo olha para a questão ambiental no Brasil, que mudou completamente de eixo neste ano que finda. Passou a ter mais atenção governamental, estimulou investidores e pôs em pauta não somente a transição energética, mas o surgimento de uma nova economia, que vai do agronegócio a setores tecnológicos. Não se trata de produzir tudo, mas de fazer melhor.
Entretanto, nossos velhos problemas também mostraram a sua face, entre os quais a má qualidade do ensino, a deterioração dos centros urbanos e a violência, que retroalimentam nossa secular iniquidade social. Como aconteceu em relação à política externa e à questão ambiental, a saída para esses problemas é política. Depende das prioridades dos governantes, em todos os níveis.
Executivo, Legislativo e Judiciário precisam de uma agenda comum, que harmonize suas ações e supere desequilíbrios que estão evidentes. O sistema de pesos e contrapesos existe para evitar crises institucionais e não para provocá-las. Nessa agenda, uma palavra-chave encontra eco na grande maioria da sociedade: austeridade. Mais critério e foco na qualidade dos gastos públicos de parte de todos os poderes.
Outra palavra-chave é equidade. Precisamos respeitar as diferenças de gênero, até para superar tenebrosos indicadores de violência; combater abissais desigualdades sociais, com aumento continuado da renda das famílias na linha de pobreza; e promover políticas públicas de saúde, educação e inclusão social, principalmente a igualdade de oportunidades para nossos jovens, adolescentes e crianças, sobretudos negros e mulheres.
Por fim, a integração. Há que se ter uma visão estratégica capaz de articular o meio ambiente e o agronegócio para criar novas cadeias produtivas e uma nova indústria. E incorporar a grande massa de trabalhadora e empreendedores ao novo ciclo que se abre, com investimentos de infraestrutura, educação de qualidade, ciência e tecnologia, habitação, mobilidade urbana e segurança pública. O ano que se encerra semeou essa esperança.
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