Abrir os olhos é natural; abrir o coração é escolha; abrir a mente é obrigatório ou, ao menos, devia ser. Neste Mês da Consciência Negra, vamos expandir a nossa consciência para reconhecer os lugares de privilégio e de reparação histórica. O Brasil desigual, não inclusivo e racista não mudará uma vírgula da sua biografia sem olhar com profundidade para crimes históricos cometidos em nome da perpetuação da branquitude no poder e na riqueza. Só pode mudar se assentar suas verdades, mesmo as mais dolorosas.
No dia 20, celebramos, no Brasil, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Um dia também para um autoexame profundo dos nossos gestos e atitudes, um dia para pedir perdão, para se espantar com as estatísticas tão absurdas que nos fazem ainda um país escravocrata. Um dia que deve se prolongar para sempre, porque a necessidade de reflexão não se esgota em 24 horas; muito menos a de reparação.
Como disse Vera Lúcia Santana Araújo, ministra do TSE, é preciso que o Brasil desperte para uma democracia inclusiva. Ela é uma das convidadas do evento "Histórias de Consciência: Mulheres em Movimento", que o Correio Braziliense promove no próximo dia 19, a partir das 14h, no auditório do jornal. Vamos reunir pessoas da academia, da cultura, das instituições, das artes para debater sobre a necessidade de continuar a luta antirracista do nosso país. E, como anunciou nossa editora de Opinião, Carmen Souza, nas redes, será um momento também para contar histórias inspiradoras de mulheres negras protagonistas. Os ingressos são gratuitos. Retire o seu na plataforma Sympla.
Avançamos muito por força da resistência e da história de luta da população preta. As cotas raciais, ainda criticadas por parte dos privilegiados, estão ajudando a mudar a cara das universidades, do mercado de trabalho e dos espaços de poder. Mas falta muito, muito mesmo para garantir um país antirracista para as futuras gerações.
O racismo persiste; o genocídio dos jovens pretos, também. As mulheres negras são a fatia da sociedade que mais trabalha, mais cuida, mais padece e adoece sem assistência. Ainda assim, existem alegria, exuberância, orgulho, inteligência, beleza. Essa potência diversa que é o Brasil devemos ao povo preto, que merece todas as honras, as glórias e os seus direitos de reparação sem qualquer tipo de questionamento. Que todos despertem a consciência!
