DF registra mais de 80 mil casos suspeitos de dengue

Comparado a 2021, a região obteve um aumento de 375,2%. Proliferação do mosquito Aedes aegypti afeta a saúde pública

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postado em 23/12/2022 00:00
 (crédito: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília)
(crédito: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília)

O último Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), no mês de dezembro, indicou a notificação de mais de 80 mil casos suspeitos de dengue no Distrito Federal. Quando comparado ao mesmo período de 2021, foi registrado um acréscimo de 375,2%. Entre as regiões administrativas que mais foram impactadas pela doença, Ceilândia obteve aproximadamente 11 mil casos.

Condições ambientais favoráveis, o acúmulo de água parada, altas temperaturas, moradias inadequadas, um grande número de pessoas suscetíveis à doença e a mudança de circulação do sorotipo circulante são alguns fatores que podem ter contribuído para o aumento de casos em 2022, de acordo com o órgão.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), nas Américas, cerca de 500 milhões de pessoas correm o risco de contrair dengue. O Aedes aegypti é o vetor que apresenta o maior risco de transmissão de arbovírus e está presente em quase todos os países do hemisfério, exceto Canadá e Chile continental. É um mosquito que vive dentro e perto das casas e se reproduz em qualquer recipiente artificial ou natural que contenha água parada.

Nesse cenário epidemiológico, Brasília tem sido considerada uma das cidades que mais possuem casos registrados. A doença, antes considerada sazonal, passou a afetar a saúde pública o ano todo.

"A dengue deixou de ser uma doença sazonal. É comum o ano inteiro, mas na época de chuva esses casos podem aumentar." Divino Valero, subsecretário de Vigilância à Saúde

A Atenção Primária à Saúde explica que a dengue é um problema crônico que Brasília enfrenta há mais de 20 anos em períodos cíclicos. “Esses ciclos são muito relacionados às chuvas e, por isso, faz com que os números de casos tenham picos expressivos”, contextualiza a instituição.

Dessa forma, para mitigar o surgimento de novos casos, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) intensificou atividades educativas, vistorias dos agentes de vigilância em saúde e pulverização de inseticida nas regiões administrativas. Uma das medidas recentes adotadas envolveu o teste de um novo equipamento de aplicação especial de larvicida contra o Aedes aegypti. No final do mês de novembro, o protótipo desenvolvido em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz atuou no Condomínio Estância Mestre D’Armas, em Planaltina.

Fumacê intensifica combate ao mosquito da dengue
Fumacê intensifica combate ao mosquito da dengue (foto: Sandro Araújo/Agência Brasília)

Segundo a SES/DF, trata-se de uma máquina puxada por uma caminhonete que pulveriza o produto de maneira mais intensa, ampliando a área de atuação. O larvicida utilizado é o mesmo aplicado em ações costais e focais executadas pelos agentes de Vigilância Ambiental em visitas domiciliares.

“A empresa nos reporta que o alcance dele é de pelo menos 60 metros. O fumacê tradicional, que usa inseticida para matar o mosquito adulto em outro tipo de equipamento, alcança de 20 a 30 metros. Então, no mínimo, tem o dobro de alcance do tradicional, apesar de usar produtos diferentes”, informa Jadir Filho, diretor de Vigilância Ambiental.

Entretanto, é necessário que a população faça a sua parte em conjunto com as medidas adotadas pelo governo para que a transmissão seja reduzida de forma considerável.

A melhor forma de prevenção é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada que podem se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos.

Verificar se a caixa d’água está bem tampada, avaliar se as lixeiras estão cobertas corretamente, limpar calhas e tampar os ralos também são medidas que devem ser realizadas semanalmente nas residências para auxiliar no combate ao mosquito.

A população também pode realizar denúncias, por meio do número 160, caso avaliem a existência de casas e terrenos abandonados, que servem como criadouro para o Aedes aegypti.

Além disso, a Atenção Primária à Saúde informa que, atualmente, há um esforço significativo para o enfrentamento da dengue nesses períodos em que há uma incidência desproporcional de novos casos.

"Nós qualificamos os protocolos com treinamentos dos servidores e alinhamos também à quinta edição do diagnóstico do tratamento da criança e do adulto, do Ministério da Saúde, que traz a classificação ABCD de condução baseada na classificação de risco. Isso exigiu um treinamento das equipes e dos gestores" Atenção Primária à Saúde

O guia citado, "Dengue: diagnóstico e manejo clínico adulto e criança", é um material atualizado pelo Ministério da Saúde para auxiliar os profissionais de saúde no atendimento adequado dos pacientes com dengue, com intuito de diminuir a letalidade da doença no país.

A instituição também ressalta que o DF se tornou a região que mais atuou no credenciamento de equipes em prol do combate à dengue, com 132 novas contratações de força de trabalho. “A melhor forma de combater a dengue é expandindo os serviços públicos”, comenta.

Sinais de alerta

De acordo com a SES/DF, a infecção por dengue pode ser assintomática, apresentar quadro leve, sinais de alarme e de gravidade. Os sintomas mais comuns para a infecção envolvem febre alta, acima de 38ºC, de início abrupto e que geralmente dura de 2 a 7 dias; dor no corpo, nas articulações e nos olhos; fraqueza e mal estar; falta de apetite; e manchas vermelhas na pele.

Caso haja suspeita da doença, é possível buscar o atendimento nas 176 unidades básicas de saúde (UBS) do Distrito Federal. “As unidades do atendimento primário têm médicos e enfermeiros aptos à avaliação desses sintomas e melhor orientação no caso de comprovação da doença, além de contar com testes rápidos (NS1) e encaminhamentos de exames clínicos quando necessários”, informa a médica referência técnica distrital de Medicina da Família, Camila Monteiro Damasceno.

Matéria escrita pela jornalista Gabriella Collodetti

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