Brasil e México elucidam mitos sobre as bebidas alcoólicas

Entidades da América Latina destacam que crenças coletivas dificultam o real entendimento sobre o consumo moderado de álcool e geram impactos negativos para os consumidores

Apresentado por  
postado em 24/06/2022 00:00 / atualizado em 24/06/2022 10:38
 (crédito: APACERJ - João Lebrão)
(crédito: APACERJ - João Lebrão)

No intuito de promover um debate público transparente e elucidativo sobre o consumo moderado de bebidas alcoólicas, o IBRAC (Instituto Brasileiro da Cachaça) e a CNIT (Câmara Nacional da Indústria Tequilera) reforçam a importância do princípio da equivalência entre as bebidas alcoólicas.

Após o lançamento de um manifesto conjunto em maio deste ano, Brasil e México avançam na discussão para acabar com mitos e buscam fomentar a responsabilidade com base em fatos.

Carlos Lima, diretor executivo do IBRAC, explica que a educação e a prevenção são as premissas das entidades representativas do setor de bebidas alcoólicas para que o consumidor evite comportamentos de risco e faça escolhas baseadas na correta informação. Por isso, a entidade ressalta que é importante destacar que álcool é álcool.

Para as entidades, distinguir entre bebidas quentes e frias, fortes ou fracas, são exemplos de afirmações sem embasamento técnico e que estão arraigadas no imaginário coletivo. Essas crenças influenciam na escolha individual do adulto saudável que opta por beber e que, posteriormente, pode trazer consequências indesejadas aos consumidores. Com base nesta falsa ideia, os cidadãos podem decidir ingerir uma quantidade maior de bebidas de baixo teor alcoólico pensando que estão consumindo menos álcool. De acordo com IBRAC e CNIT, esses mitos dificultam o debate e o fundamento de políticas públicas, como explicaremos mais à frente.

As entidades destacam que compreender o processo de produção das bebidas é o primeiro passo para romper com esses mitos e combater o consumo nocivo de forma efetiva.

O álcool etílico (etanol) presente em toda bebida alcoólica própria para o consumo humano, é um composto incolor e volátil cuja fórmula é C2H5OH. Na legislação brasileira, bebida alcoólica é a bebida com graduação acima de 0,5% a até 54% de álcool.

"O etanol é o princípio ativo presente em todas as bebidas alcoólicas, sem distinção. Quando servidas da maneira adequada, todas elas têm a mesma quantidade de álcool, que é processado pelo organismo da mesma forma, uma vez que álcool é álcool. O que baliza a moderação é a quantidade ingerida e não o tipo de bebida", explica Carlos Lima, diretor executivo do IBRAC.

Confira as etapas produtivas:

(foto: )

(foto: )

Teor alcoólico

A definição sobre o que é uma bebida alcoólica passa por um conjunto de características específicas, em especial o teor de álcool, que é resultado do processo produtivo.

IBRAC e CNIT explicam que o etanol, o álcool etílico presente nas bebidas, é processado pelo organismo sempre da mesma maneira. Suas moléculas são pequenas e passam pelas paredes celulares por meio de difusão simples, fazendo com que atravessem a mucosa estomacal e cheguem à corrente sanguínea sem passar pelo processo de digestão.

Então, seja qual for o tipo da bebida ou seu teor alcoólico, dentro do corpo humano álcool é álcool.

"A intensidade do efeito do álcool no organismo está diretamente relacionada à quantidade consumida. Portanto, não há bebida de moderação, apenas a prática da moderação" Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, do inglês Centers For Disease Control and Prevention)


Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu aos operadores econômicos que substituam, sempre que possível, bebidas com alto teor alcoólico por bebidas sem álcool ou com baixo teor em todo seu portfólio, com o objetivo de reduzir o consumo nocivo.

De acordo com Lima, a proposta trouxe importantes repercussões do ponto de vista de proteção do consumidor, pois a simples redução do teor alcoólico das bebidas com o objetivo de reduzir o consumo nocivo ignora a premissa de que o consumo moderado deve ser determinado, fundamentalmente, pela quantidade absoluta de álcool consumida, e não pelo tipo de bebida.

Tanto o IBRAC quanto a CNIT defendem que a educação deve guiar o consumo responsável e moderado de bebidas alcoólicas, independentemente do teor alcoólico ou da categoria de bebida, para assim obter resultados efetivos no combate ao consumo nocivo.

Dose padrão

De acordo com a Fundación de Investigaciones Sociales A.C (FISAC), no México, a dose padrão, ou unidade de bebida padrão, é uma unidade de medida equivalente a uma determinada quantidade fixa de álcool (etanol) puro por dose. Essa medida varia de país para país devido às diferentes culturas, características de seus habitantes e geografia, entre outras medidas estabelecidas pelas autoridades locais.

No Brasil, por exemplo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estipulou que 10g é a porção padrão para efeito de rotulagem nutricional de alimentos.

Princípio da equivalência

“Quando servidas de forma adequada e em seu recipiente correspondente, toda bebida com álcool contém aproximadamente a mesma quantidade de álcool puro", informa a Fundación de Investigaciones Sociales A.C. (FISAC)

De acordo com o diretor geral da CNIT, Alfonso Mojica, quando servidas da maneira adequada, todas as bebidas têm, aproximadamente, a mesma quantidade absoluta de álcool. Desta forma, toda política de moderação deve considerar o princípio de equivalência (dose padrão) como parte central da forma de consumo, bem como a correta divulgação da informação.

Na prática, isso significa que, ao consumir 330 ml de uma cerveja (com 4% de teor alcoólico), 100 ml de vinho (a 12%) ou 30 ml de destilado (a 40%), a quantidade absoluta de álcool ingerida é de 10g, em média.

(foto: )

As entidades reforçam que compreender o processo produtivo, o teor alcoólico, a dose padrão e o princípio da equivalência entre as bebidas alcoólicas torna a prática do consumo moderado mais factível para o consumidor e fortalece o senso de responsabilidade na ingestão. Em outras palavras, o conceito de dose padrão é útil para informar aos indivíduos sobre a quantidade de álcool ingerida.

IBRAC e CNIT sustentam que a forma de consumo e a correta informação relacionada à quantidade de álcool consumida pelas pessoas, considerando o princípio de equivalência, devem ser o foco de toda política de moderação.

"As empresas do setor são parte interessada na promoção da moderação, estão comprometidas com a saúde de seus consumidores, com o controle de qualidade de seus produtos, com o desenvolvimento da economia regional e com a geração local de emprego e renda", finaliza Lima.

BEBA COM MODERAÇÃO. SE BEBER, NÃO DIRIJA. 

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação