O racha no Centrão terá reflexos em vários pontos do relacionamento entre o governo e o Congresso. O principal deles: não adianta nada o presidente Jair Bolsonaro querer negociar com os líderes do PP, Arthur Lira, e do PL, Wellington Roberto, e achar que está tudo resolvido em relação aos partidos que compõem o velho bloco. Não está. O MDB não responde ao comando do Centrão. Quem dirá o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e seu líder do DEM na Casa, o deputado Efraim Filho. Portanto, Bolsonaro, a partir de agora, terá de negociar as votações partido por partido.
O DEM, por exemplo — que comanda a Câmara, com Maia, e o Senado, com Davi Alcolumbre —, quer manter seu protagonismo nas negociações. Tanto é que, logo depois da derrota do governo na votação do Fundeb, Maia foi ao Ministério da Economia conversar com Paulo Guedes, num gesto para reforçar a necessidade de diálogo entre os Poderes. Mostrou que ainda está no jogo, embora tenha apenas mais seis meses como presidente da Câmara.
A saída do bloco indica ainda que, na Presidência do Congresso ou fora dele, o DEM não responde ao comando de Arthur Lira. Se o governo quiser dialogar com o DEM, terá de ser com os representantes do partido. O mesmo vale para o MDB, que tem o deputado Baleia Rossi como líder, presidente do partido e pré-candidato a presidente da Câmara em oposição a Arthur Lira. Com a eleição para presidente da Câmara cada vez mais próxima, nenhum grande líder partidário vai querer ser usado como recheio para a empada do vizinho. Cada um quer ter a sua própria fornada. E ser “o cara” para negociar com o governo. Nesse cenário, resta a Bolsonaro o varejo. Partido por partido. Dá mais trabalho, mas é mais seguro do que comprar gato por lebre nas mãos de poucos.
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