Correio Braziliense
postado em 05/08/2020 18:27
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, iniciou os debates sobre a tecnologia 5G e sinalizou que o leilão das frequência só ocorrerá em 2021. Também deixou claro que a decisão sobre os fabricantes de equipamentos cabe ao presidente Jair Bolsonaro. Isso porque há um embate sobre liberar a escolha das empresas de infraestrutura pelas operadoras, o que é defendido pelas prestadoras que atuam no mercado brasileiro, ou vetar a chinesa Huawei. O veto seria por conta da suspeição, levantada pelo governo norte-americano, de que a indústria chinesa, ao deter infraestrutura de telecomunicações, poderia praticar espionagem.
Nesta quarta-feira (5/8), o ministro se reuniu com representantes da Ericsson e da Nokia, que são duas das maiores fabricantes de equipamentos de infraestrutura de telecomunicações do mundo. Faria realizou videoconferência com o presidente da Ericsson, Eduardo Ricotta, e a vice-presidente da empresa, Georgia Sbranna, e também recebeu, em reunião separada, o diretor-geral da Nokia Networks, Luiz Tonisi, juntamente com o diretor te%u0301cnico, Wilson Cardoso, e o presidente do conselho da Nokia Brasil, Alui%u0301sio Byrro. Em comum, na pauta, o 5G.
Apesar de o leilão ter ficado para o ano que vem, Faria vem estabelecendo um diálogo com os principais fabricantes de equipamentos e infraestrutura de telecomunicações no Brasil. O representante da pasta tem recebido as demandas dos fornecedores de soluções para compreender os investimentos realizados no país, o cronograma dos próximos desenvolvimentos tecnológicos, bem como a visão de cada fabricante sobre as tecnologias de quinta geração. “É importante compreender todos os aspectos dessa nova tecnologia para que possamos levar ao presidente as informações para uma tomada de decisão quanto aos fornecedores de equipamentos do 5G no Brasil”, afirmou.
Nas reuniões, os representantes de Ericsson e Nokia apresentaram as empresas e os principais desafios para a implementação da nova tecnologia no país. O Brasil ainda está em seu processo de decisão sobre o fornecimento de soluções para a tecnologia 5G, por isso o ministro reafirmou que está “aberto para o diálogo, tendo o papel de receber todas as empresas interessadas e realizar a avaliação técnica”.
Velocidade
Em entrevista ao Correio, Ricotta, da Ericsson, destacou que as principais vantagens do 5G são o aumento da velocidade e redução da latência, que é o tempo de resposta. “É quase instantâneo no 5G”, explicou, por ocasião do lançamento do 5G DSS da Claro no Brasil.
Segundo ele, a tecnologia DSS agrega as frequências das demais, pegando a rede com mais velocidade. “Se fosse uma rodovia, seria como pegar três pistas -- 2G, 3G e 4G -- e transformar numa só. Trata-se de uma alocação dinâmica de espectro. Antes, isso não era possível, porque precisava disponibilizar uma frequência específica”, disse. O espectro específico para o 5G só será leiloado em 2021.
Segundo Ricotta, o 5G aumenta a velocidade de conexão em até 100 vezes em relação ao 4G e reduz a latência em 50 vezes. “Um carro autônomo não consegue funcionar porque a latência pode ocasionar acidentes. A precisão é que diferencia muitos serviços no 5G. O tempo é praticamente zero, isso permitirá cirurgias remotas, exames à distância e aplicações na agricultura de precisão, entre outras”, disse.
O 5G DSS é só um começo, esclareceu o presidente da Ericsson. “O leilão é necessário porque, ao longo do tempo, todos os usuários acabam migrando para uma tecnologia melhor e vamos precisar de mais espectro”, disse. Ricotta afirmou que os investimentos da companhia vêm sendo feitos há três anos, desde março de 2017. “Todos os produtos que a gente coloca nas operadoras já são preparados para o 5G e toda essa infraestrutura será aproveitada.”
Os equipamentos da empresa, inclusive de 5G, são fabricados no Brasil, na unidade de São José dos Campos, que receberá R$ 1 bilhão em investimentos nos próximos cinco anos para adaptação à produção do 5G. “Investimos no Brasil há 48 anos. Temos mais de 140 patentes, várias ligadas ao 5G”, acrescentou.
Sem atraso
Para o executivo, o Brasil não está atrasado, mesmo com o leilão, inicialmente marcado para 2020, postergado para o ano que vem. “Vamos ter um novo ecossistema de inovação com 5G, por isso é importante ter o leilão logo. A Ericsson tem mais de 100 contratos para implantação dessa tecnologia no mundo. Se lançar até o começo do ano que vem no Brasil, ainda estará no tempo correto. Não vai ficar muito defasado. Mas, se postergar demais, ficaremos para trás”, disse.
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