O governo nomeou o capitão da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) André Porciúncula Alay Esteves para o cargo de secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial de Cultura. Ele é um defensor do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.
Outro nomeado foi Maurício Noblat Waissman, como secretário nacional de Desenvolvimento Cultural — em portaria assinada pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto. Ele já havia integrado a secretaria, como coordenador-geral da Política Nacional de Cultura Viva, em novembro do ano passado, mas foi exonerado em 4 de março, quando a atriz Regina Duarte assumiu a Cultura. Hoje, o comando da pasta é do ator Mário Frias.
No Twitter, Waissman intitula-se “escritor, palestrante, advogado, publicitário, conservador, bolsonarista, cronista de absurdos tragicômicos cotidianos, cristão”. Nas redes sociais, ele é também um grande defensor do chefe do Executivo; do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; e de Olavo de Carvalho, figura que inspira a ala mais ideológica do governo.
Numa publicação feita neste ano, escreveu: “Defender o Bolsonaro e o Olavo é questão de decência. Ninguém pode sofrer tanta acusação como os dois”. Também postou: “Sem o Olavo de Carvalho, hoje estaríamos ainda pondo esperanças no Aécio, no Serra e no Alckmin. Fato. Não ser grato por isso não dá, né?”, numa referência a Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin, todos políticos do PSDB.
André Prociúncula, por sua vez, não fica atrás nas críticas. Num blog de cultura, há um texto escrito em maio deste ano e assinado por ele no qual afirma: “No Brasil, qualquer bobalhão com pretensão intelectual logo se fantasia de ser ‘cult’, que é (se é que podemos exprimir significado disso) como um conjunto de comportamentos e trejeitos afetados, cujo sujeito precisa aderir mimeticamente para ser considerado um ‘homem de cultura’ (outra expressão sem qualquer sentido)”. E complementa: “Não à toa, quando falamos da importância de preservarmos a cultura, o típico homem oco de nossa época logo pensa em Caetano, Maria Gadú ou Chico Buarque. Isso deve-se ao lastimável fato de que a cultura fora reduzida a um mero clichê, um estereótipo caricato de algum desses gentlemen vazios. Perdeu-se completamente a noção metafísica da cultura como culto”.
Porciúncula está em um cargo administrativo, lotado no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças. A PM baiana foi pega de surpresa com a nomeação dele, segundo informações da assessoria de comunicação da corporação. Não foi feito, ainda, um pedido de afastamento. A PM não soube informar se ele continuará recebendo o salário do governo estadual, caso se afaste da função para atuar na Secretaria de Cultura. Pela corporação, o rendimento mensal dele é de R$ 12,8 mil. Na nova função, o salário será de R$ 16,9 mil.
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