Em São Paulo, Bolsonaro acompanha partida da delegação brasileira ao Líbano

Governo envia 6 toneladas de alimentos e medicamentos para Beirute após explosão que deixou centenas de mortos

Ingrid Soares
postado em 12/08/2020 10:44 / atualizado em 12/08/2020 11:55
 (crédito: Reprodução/TV Globo)
(crédito: Reprodução/TV Globo)

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou, na manhã desta quarta-feira (12/8), em São Paulo, onde acompanhou a partida da comitiva brasileira em missão ao Líbano. O chefe do Executivo convidou o ex-presidente Michel Temer, descendente de libaneses, para chefiar a missão de ajuda humanitária a Beirute. O local sofreu uma explosão no último dia 4, causada por problemas no armazenamento de cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio que vitimou fatalmente mais de 160 pessoas e deixou outras mais de 6.000 feridas.

Em discurso, o chefe do Executivo agradeceu a Temer e aos demais tripulantes por terem aceito o convite. “Senhor presidente Michel Temer, estou muito honrado em ter aceitado o nosso convite para representar o nosso país nessa missão humanitária. Paulo Skaf, quis o destino que o senhor estivesse comigo quando tomamos esta decisão. Quando o almirante Rocha se dirigiu para telefonar ao Temer, eu já tinha certeza, pelo seu passado que eu muito bem acompanhei enquanto parlamentar que ele aceitaria de pronto essa missão”, destacou.

Bolsonaro apontou que grande parte das doações vieram das próprias comunidades libanesas que estão no país. “Esse ato simbólico mas que vem do fundo do coração do povo brasileiro nos honra. O mundo atravessa uma pandemia. Todos nós sofremos com isso. Quis o destino, lamentavelmente, que nossos irmãos do Líbano fossem acometidos também por esse desastre. O que nós podemos oferecer em grande parte, vindo da comunidade libanesa, é do coração”.

Em uma fala sobre democracia e liberdade, o presidente destacou que o envio da ajuda humanitária ao local evidencia ainda mais a aproximação entre os dois países. “Esta data marca ainda mais a nossa aproximação com o Líbano os nossos países não abrem mão de democracia e liberdade é o q nós queremos para o mundo todo e pode ter certeza que os 12 milhões de descendentes libaneses que estão no Brasil contribuem muito para a nossa pátria, colaborando, se integrando nas mais diversas áreas para que o Brasil atinja o local de destaque que ele merece no cenário mundial”.

Bolsonaro ainda agradeceu ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, dizendo que “não tinha ninguém melhor do que ele para assessorar nosso querido Michel Temer”. Por fim, Bolsonaro falou ainda que "onde um ser humano precisar de ajuda do Brasil, nós faremos para atendê-lo no que for possível".

Surpreendido

Já o ex-presidente Temer, que discursou pouco antes, também teceu agradecimentos e elogios a Bolsonaro. Ele se disse ‘agradavelmente surpreendido’ e emocionado pelo convite. “No sábado á tarde quando o secretário de assuntos estratégicos, o almirante Flávio Rocha me telefonou transmitindo uma consulta que o senhor fazia sobre a possibilidade de eu chefiar uma missão humanitária ao Líbano, tão logo disse a ele que estava agradavelmente surpreendido, mas extremamente emocionado com o convite que desde lá naturalmente aceitei”.

Temer agradeceu em nome dos pais libaneses. “Os meus pais, presidente Bolsonaro, já faleceram há muito tempo, mas certa e seguramente, falo no plano espiritual, ele está acompanhando esta solenidade e está aplaudindo o que vossa excelência e o governo brasileiro estão fazendo pelo Líbano, não se trata apenas de uma relação meramente institucional que vossa excelência produz, mas o que pude perceber, uma relação quase pessoal, em que vossa excelência homenageia a comunidade libanesa no Brasil e se preocupa humanitariamente com os destinos relativos a essa tragédia ocorrida em Beirute”.

O ex-presidente se disse grato pela receptividade do povo brasileiro aos estrangeiros. “Quero fazer esse agradecimento e revelar a grande receptividade que o Brasil tem em relação aos estrangeiros. Permita que eu dê o meu exemplo. Sou primeiríssima geração libanesa no Brasil meu pais casaram no Líbano tiveram os 3 primeiros filhos lá e aqui mais 5. Eu sou o último deles e veja vossa excelência, a carreira que eu pude fazer no nosso país, o que revela a grandeza do Brasil e do seu povo”, contou.

Temer caracterizou o envio da ajuda como um “ato extremamente civilizado” por parte de Bolsonaro e lembrou que não é incomum o envio de ex-presidentes a missões. Segundo ele, o mandatário brasileiro deu “um exemplo para o Brasil” e demais nações.

“É um ato extremamente civilizado que vossa excelência prática. Saiba que nos EUA não é incomum que os presidente designem ex-presidentes para missão humanitária e até diplomáticas. Vossa excelência com esse gesto também dá um exemplo para o Brasil, acho que a primeira vez que isso acontece, não só para o Brasil, mas todas as nações do mundo”.

Ao concluir, Temer deu votos de que o Brasil também possa auxiliar o país árabe na pacificação política interna. “Sigo para lá com essas figuras na convicção de que lá seremos muito bem recebidos e todos lá desejosos que o Brasil possa exercitar não só sua sua função humanitária, mas tendo em vista os vínculos tradicionais entre os países, que também possa ajudar a solucionar os embates políticos, com a permissão das autoridades libanesas, mas que possamos dar a nossa colaboração para pacificação interna daquele país. O que resume a minha fala Bolsonaro, é palavra "muitíssimo obrigado".

O embaixador do Líbano no Brasil, Joseph Sayah, agradeceu ao governo pela manifestação de apoio. "Desde o primeiro momento o presidente ligou para mim para transmitir o seu apoio e solidariedade ao Líbano. Desde o primeiro momento me senti como sempre em casa, com ajuda e o caloroso apoio que foi mostrado através do senhor presidente".

Missão

A missão ao país árabe levará 6 toneladas de alimentos e insumos médicos como respiradores mecânicos e máscaras de proteção facial. A composição da delegação que segue rumo ao Líbano foi divulgada no último dia 11, no Diário Oficial da União (DOU). Ainda nesta quarta-feira (12/8), a publicação adicionou mais cinco nomes que farão parte da missão, que agora é composta por 18 integrantes, além de Temer.

Entre eles os senadores Nelson Trad Filho e Luiz Pastore; o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Flávio Viana Rocha, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf; o secretário de Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África, Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega , o representante do Exército Brasileiro, Carlos Augusto Fecury Sydrião Ferreira; o 3º secretário da Divisão de Comunicação Institucional do Itamaraty; o médico cirurgião ortopedista do Institucional Nacional de Traumatologia e Ortopedia do Ministério da Saúde, Vitor Miranda; o assessor técnico do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, do Ministério do Ministério do Desenvolvimento Regional, Leno Rodrigues Queiroz; a coordenadora da mesma equipe de gerenciamento de desastres, Ana Rodrigues Freire e a professora do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal do Paraná, Raquel Negrelle.

Autorização judicial

Temer é réu em dois processos relacionados à “Operação Descontaminação” da Lava-Jato e, por essa razão, precisou de autorização judicial para sair do país. A autorização foi concedida pelo juízo da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, nessa terça-feira (10/8), justificado pela "natureza humanitária da missão oficial". A previsão para a permanência da delegação é até o sábado (15/8), podendo ser prorrogado.

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