CONGRESSO

Troca de líder na Câmara fecha aliança do governo com o Centrão

Bolsonaro tira o inexperiente Vitor Hugo do comando das ações na Câmara e a entrega ao veterano Ricardo Barros, que tem obrigação de concretizar a base

Luiz Calcagno
postado em 13/08/2020 06:00
 (crédito: anaray)
(crédito: anaray)

A necessidade de articular melhor as ações do Palácio do Planalto dentro da Câmara dos Deputados levou o presidente Jair Bolsonaro a trocar a liderança do governo na Casa. Saiu o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) e entrou o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), veterano no Legislativo e com conhecimento do Executivo — foi ministro da Saúde no governo Temer. Ao colocar nas mãos dos profissionais do Centrão as ações dentro do Congresso, consolida-se a aliança do governo com o Centrão.

As alterações começaram a ser processadas dias atrás. Em 22 de julho, Bolsonaro afastou a deputada Bia Kicis (PSL-DF) da vice-liderança, considerada uma das vozes do radicalismo bolsonarista, que várias dificuldades causou ao próprio governo dentro do Parlamento. Nem mesmo a ida do presidente à casa da fiel apoiadora, para um café da manhã, no final de semana seguinte, serviu para disfarçar a certeza de que o presidente se afasta dos sectários e cede espaço aos partidos inorgânicos, que permanentemente fecham com o poder em busca de espaço político e recursos.

Desgastes


Vitor Hugo, porém, era considerado um líder de diálogo e conversador, mas sem a necessária experiência para congregar a base do governo no Congresso. Parlamentar de primeiro mandato, causou desgastes e colecionou problemas, dentre os quais se destacam o choque com o ministro da Secretaria do Governo, Luiz Eduardo Ramos, no começo do ano, com quem deveria estar afinado; e rompeu com Rodrigo Maia (DEM-RJ), na Reforma da Previdência, ao compartilhar na rede social pessoal um meme atacando o presidente da Câmara.

Vitor Hugo foi criticado pela inexperiência até pelos próprios colegas de partido, como o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), que rompeu com o governo. Ainda assim, ele foi mantido por Bolsonaro e chegou a ser cotado para o Ministério da Educação durante a crise que levou à saída de Abraham Weintraub.

A transição para Barros — que, pelas redes, agradeceu ao presidente a indicação e disse que continuará “com o bom trabalho do líder Vitor Hugo — já começou, mas será oficializada na terça-feira. “Terça feira deve ser publicado (a troca na liderança). Vou ser eternamente grato pela oportunidade de ser líder do governo como deputado de primeiro mandato. Foi um período muito bom”, afirmou, acrescentando que a substituição com tranquilidade.

Questionado sobre mudanças na atuação da liderança, destacou que Barros é experiente e é do PP, o partido que é “o núcleo do blocão”. “Cada um tem um perfil. Vai ter facilidades e outros desafios que fazem parte dessa posição estratégica”, observou.

Orçamento do Supremo será de R$ 712 milhões

Em sessão administrativa, ontem, os ministros do STF definiram que o orçamento de 2021 na Corte será de R$ 712 milhões. A proposta não prevê qualquer reajuste nos salários dos ministros e será encaminhada ao Poder Executivo, que consolida o texto que segue para o Congresso. Atualmente, os ministros ganham R$ 39,2 mil por mês, o que representa o teto de remuneração do serviço público. Se os magistrados do Supremo aumentarem seus salários, criam um efeito cascata que recai sobre todo o Judiciário. De acordo com a Presidência do Supremo, foram feitos cortes no valor de R$ 76,1 milhões para readequar a proposta à inflação.

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