Brasília-DF

por Denise Rothenburg deniserothenburg.df@dabr.com.br
postado em 17/08/2020 23:40
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press - 7/8/19)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press - 7/8/19)


Guedes modula o discurso para ficar

A leitura dos políticos a respeito das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, depois da reunião com o presidente Jair Bolsonaro, é a de que o ministro age para permanecer no cargo. Ele foi mais cuidadoso nas declarações, disse que busca forma de abrir espaço para investimentos e, pelo menos até o próximo estresse na equipe, ele continua no comando da pasta da economia e do tamanho que o ministério tem hoje.

O estresse está nos detalhes, onde moram o diabo e a ambição política. Bolsonaro, para buscar a reeleição, terá de mostrar serviço e manter o auxílio emergencial, ou seja, projetos que pedem mais gastos orçamentários. Corre o risco para, nessa trilha, terminar num caminho populista, enquanto seu ministro da Economia defende a prorrogação de um auxílio que seja sustentável do ponto de vista fiscal, “sem populismo”.

 

Aras sem um norte para decidir
A suspensão dos processos contra Deltan Dallagnol dão um respiro à Lava-Jato. Assim, em setembro, calcula-se que o procurador-geral, Augusto Aras, terá de decidir sobre a prorrogação da operação, sem que o Conselho Nacional do Ministério Público tenha um veredicto sobre esses processos contra o procurador.

 

Serviço não falta
A Lava-Jato já recuperou R$ 5 bilhões, exatamente o valor que o governo quer liberar para obras. Procuradores calculam que ainda há R$ 20 bilhões passíveis de recuperação. Só tem um probleminha: uma parte deste dinheiro, dizem alguns, está diretamente relacionada a partidos e políticos que torcem pelo fim da investigação. Essa batalha, que até aqui estava concentrada em Dallagnol, agora atingirá a operação como um todo.

 

O arrastão de Bolsonaro
O presidente faz um “strike” nos apoiadores do PT no Nordeste. Em Aracaju, por exemplo, uma parcela dos anfitriões era a mesma que fez uma caminhada com Fernando Haddad, em agosto de 2018.

 

Se tivesse escutado…
Quando o auxílio emergencial e outras medidas relacionadas à covid-19 foram aprovadas no Parlamento, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi aconselhado a fazer um pronunciamento para anunciar o trabalho do Legislativo. Não viu necessidade. Quem faturou tudo foi Bolsonaro. Agora, com a pesquisa do Datafolha apontando uma queda na avaliação do Parlamento, tem um grupo ensaiando um “eu avisei”.

 

CURTIDAS

 

Se é prisão domiciliar.../ A líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida (AC, foto), liderou o movimento para que o Supremo Tribunal Federal revogue a prisão domiciliar de Sara Giromini, por causa da mobilização feita nas redes contra o aborto da menina de 10 anos vítima de estupro. “Sara obteve informações que estavam sob sigilo, como dados da menina e até mesmo o nome do médico. Como é que alguém de tornozeleira eletrônica mobiliza as pessoas contra uma decisão judicial e fica por isso mesmo?”

 

E o criminoso?/ A turma de Sara em nenhum momento se referiu ao criminoso, que estuprou uma criança de dez anos, ou revelou o nome do pedófilo. Realmente, os valores parecem invertidos.

 

A crença na ciência I/ Paralelamente à igualdade social, os Democratas vão incluir no discurso de campanha o respeito à ciência, dentro do tom abordado no discurso da ex-primeira-dama Michelle Obama. Ela foi incisiva ao dizer que o candidato Joe Biden seguirá a boa técnica. Como a convenção é virtual, Michelle fez questão de gravar a sua participação com antecedência, para evitar imprevistos ou problemas de conexão.

 

A crença na ciência II/ Os Democratas vão explorar a demora do presidente Donald Trump em reconhecer a gravidade da pandemia de coronavírus nos Estados Unidos. Por aqui, a oposição a Bolsonaro irá na mesma batida num futuro não tão distante.

 

 

 

 

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