O ministro do Meio Ambiente (MMA), Ricardo Salles, exonerou na última quinta-feira (20) o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), coronel Homero de Giorge Cerqueira, em meio à crise das queimadas no Pantanal. Em entrevista ao jornal O GLOBO, o militar afirmou que o ministro tem “ciumeira”, e que isso impediu a sua continuidade no órgão ambiental.
“O ministro que me exonerou. Ele me chamou e eu disse: ‘Não vou sair, estou fazendo o meu trabalho’. Diminuiu a quantidade de desmatamento nas unidades de conservação. Não muito, mas diminuiu. Temos conversado com ONGs, é um diálogo, mas a ciumeira infelizmente impediu... ele pediu para fazer o melhor trabalho nas condições que a gente teve”, disse o coronel Cerqueira ao GLOBO. Ele disse que “se expunha muito” e que isso teria incomodado Salles.
Pelas redes sociais, o militar publicou uma mensagem de despedida na tarde desta sexta-feira (21). “Agradeço a toda equipe pelo trabalho, empenho e comprometimento em suas funções, buscando garantir a missão do Instituto, que é formular e implementar políticas públicas ambientais, visando proteger o meio ambiente e promover o desenvolvimento socioeconômico sustentável. Finalizo esta etapa fortalecido e sigo em frente para novas missões. Força e honra por um Brasil melhor!”, escreveu.
Cerqueira estava no cargo desde abril do ano passado. Antes de assumir o posto, ele comandava o Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O militar entrou no lugar de Adalberto Eberhard, que pediu demissão alegando motivos pessoais. No entanto, dois dias antes ele havia participado de um evento no Rio Grande do Sul junto com Salles no qual o ministro disse que iria abrir processo administrativo contra todos os servidores que não estavam presentes no evento.
Na última terça-feira (18), Salles foi ao Mato Grosso sobrevoar áreas atingidas por incêndios no Pantanal e para acompanhar as ações que, conforme divulgado pelo MM, são coordenadas pelo ICMBio, com apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além do Corpo de Bombeiros e forças armadas, que atuam no combate às chamas.
A região está vivendo o pior cenário de queimadas observando a série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De janeiro a julho deste ano, foram 4,2 mil focos de incêndios, o maior número da série, que é desde 1998. No caso de área queimada, foram 846,7 mil hectares consumidos pelo fogo - maior quantidade desde 2002, quando sistema passou a mapear. Isso equivale a cerca de 1,1 milhão de campos de futebol.
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que "a exoneração faz parte do processo de reestruturação dos órgãos ambientais federais".
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