Governador do Rio

PGR fala em 'sofisticada organização criminosa encabeçada por Witzel'

STJ decidiu afastar por 180 dias o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. PGR havia pedido prisão do gestor estadual

Sarah Teófilo
postado em 28/08/2020 17:56
 (crédito: Mauro Pimentel/AFP)
(crédito: Mauro Pimentel/AFP)

Em sua decisão pelo afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), por 180 dias, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves cita que a denúncia da Procurador-Geral da República (PGR) aponta uma “sofisticada organização criminosa” no âmbito do governo do estado “encabeçada pelo governador”. As apurações foram feitas no âmbito das operações Placebo, Favorito e Mercadores do Caos (do Ministério Público estadual), que apuraram fraudes na saúde.

“Se descobriu uma sofisticada organização criminosa no âmbito do governo do estado do Rio de Janeiro composto por pelo menos três grupos de poder, encabeçada pelo governador Wilson Witzel, a qual repete o esquema criminoso praticado pelos últimos ex-governadores, Sérgio Cabral e Luís Fernando Pezão”, diz Gonçalves na decisão.

Conforme o ministro, os grupos seriam liderados pelo empresário Mário Peixoto, pastor Everaldo e José Carlos de Mello, sendo os dois primeiros mais influentes, “cada qual com funcionamento próprio, complexa teia de participantes e divisão de tarefas, mas todos com o objetivo comum de desviar recursos públicos e realizar a lavagem de capitais”.

Foi deflagrada nesta sexta-feira (28) a uma operação, intitulada Tris in Idem, com atuação do Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal e Receita Federal. Após autorização do STJ, que decidiu pelo afastamento de Witzel, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra o governador, o vice-governador, Cláudio Castro, e o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT).

Segundo o MPF, a investigação traz que a partir da eleição de Witzel, se estruturou uma organização criminosa no governo, dividida em três grupos, que disputavam o poder por meio de pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos. Eles seriam liderados por empresários e lotearam secretarias estaduais, como a da Saúde.

Na denúncia, assinada pela subprocuradora-geral Lindôra Araújo, pontua-se que “após a deflagração da Operação Placebo, o ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Edmar Santos”, que foi um dos delatores do caso, revelou “sofisticada organização criminosa instalada no seio do governo do estado”.

No total, foram expedidos 17 mandados de prisão, sendo seis preventivas e 11 temporárias, e 72 mandados de busca e apreensão. Um dos presos foi o pastor Everaldo, apontado como líder de um dos grupos no esquema.

Em sua defesa, Witzel disse que está sendo vítima de "uso político" da investigação. Ele ainda acusou a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, figura próxima do procurador-geral, Augusto Aras. O caso que o envolve é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com ele, o ministro Benedito Gonçalves foi induzido por Lindora. “Que está se especializando em perseguir governadores, desestabilizar estados, com investigações rasas, buscas e apreensões preocupantes, e eu, assim como outros governadores, estamos sendo vítimas de uso político”, disse.

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