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Formatura com protesto no RJ

AUGUSTO FERNANDES INGRID SOARES
postado em 11/09/2020 00:54
 (crédito: Alan Santos/PR)
(crédito: Alan Santos/PR)

O presidente Jair Bolsonaro esteve no Rio de Janeiro na manhã de ontem para uma cerimônia de formatura do curso de sargentos da Marinha. Apesar de enaltecer o papel das Forças Armadas, dizendo serem elas as verdadeiras guardiãs da Constituição, o chefe do Executivo tornou-se alvo de um protesto feito por cerca de 30 militares da reserva, que o chamaram de “traidor”.

A revolta do grupo foi por conta da legislação, sancionada pelo presidente em dezembro de 2019, que alterou as regras de Previdência para as Forças Armadas, policiais militares e bombeiros estaduais. O texto estabeleceu normas como a de que o tempo mínimo de serviço para que o militar entre para a inatividade deve ser de 35 anos — antes, eram 30 anos —, mas manteve o privilégio de que não é necessário uma idade mínima para se passar à reserva remunerada. Assegurou, ainda, reajustes anuais até 2023 aos militares.

Também foi criada uma regra de transição que prevê que os militares que estão na ativa terão de cumprir pedágio de 17% em relação ao tempo que faltar para atingir o tempo mínimo de serviço de 30 anos. Além disso, a lei propôs que a alíquota da contribuição de ativos e inativos, para pensões militares, suba de 7,5% para 10,5%, e que os pensionistas passem a recolher pelo menos 10,5% a partir de 2021.

Os manifestantes levaram faixas com frases criticando a legislação que modificou as regras de aposentadoria e reclamaram que, durante a tramitação do tema no Congresso Nacional, Bolsonaro não deu ouvidos aos anseios da classe. Uma das principais críticas foi a de que o presidente deixou os fardados mais antigos de fora das novas normas, fazendo com que apenas os militares de patentes mais baixas fossem atingidos.

Castro e Crivella
Em mais uma tentativa de aproximação com o governo do Rio de Janeiro depois de o chefe do Executivo local, Wilson Witzel (PSC), ter sido afastado do cargo, Bolsonaro acompanhou a cerimônia ao lado do governador em exercício, Cláudio Castro (PSC). A investida da família do presidente para cima de Castro começou ainda no último mês, quando o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) teve uma longa conversa por telefone com o substituto de Witzel.

Após o evento, Bolsonaro e Castro almoçaram juntos e o governador em exercício do Rio de Janeiro ainda pegou uma carona no avião presidencial que regressou a Brasília — à tarde, os dois estiveram no Supremo Tribunal Federal (STF) para a posse do novo presidente da Corte, ministro Luiz Fux.

Outro político que também encontrou Bolsonaro durante a formatura dos militares foi o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos). Ele marcou presença no evento depois de ter sido alvo de um mandado de busca e apreensão em operação do Ministério Público do Estado do Rio e da Polícia Civil. Um celular do prefeito foi apreendido (Leia mais na página 4). A operação é no âmbito de um inquérito que apura esquema de corrupção na administração pública. A prefeitura também foi alvo de busca e apreensão. A ação cumpre 22 mandados de busca e apreensão expedidos pelo 1º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio.

Amor à pátria
Bolsonaro não respondeu aos insultos. Ele discursou por aproximadamente 30 minutos no evento e parabenizou os militares. “Todos nós nos orgulhamos das nossas Forças Armadas, nós, Marinha, Exército e Aeronáutica. O povo bem comprova que nós estamos no caminho certo e que nós somos os verdadeiros guardiões da nossa democracia e tudo faremos pela nossa liberdade”, frisou.

O presidente ainda se disse honrado pelo convite. “O mar está na alma do marinheiro assim como o amor à pátria está em todos os nossos corações. Primeiro, meu muito obrigado a Deus pela minha vida e obrigada ao povo brasileiro representado por vocês, pela missão de conduzir os destinos desse imenso e querido Brasil. É uma honra estar aqui. É um orgulho principalmente também por estar nessa terra maravilhosa, chamada Rio de Janeiro, onde aprendi muito nos bancos escolares e militares de onde fui projetado para o meio político”, declarou.


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