Ex-presidente Lula é denunciado por suposta lavagem de dinheiro

Procuradores do Paraná acusam o ex-presidente de usar contas correntes informais para receber dinheiro de propina

Renato Souza
postado em 14/09/2020 17:33 / atualizado em 14/09/2020 17:40
 (crédito: Sérgio Lima/AFP)
(crédito: Sérgio Lima/AFP)

A força-tarefa da Lava-Jato no Ministério Público Federal do Paraná denunciou, nesta segunda-feira (14), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é acusado de ter lavado dinheiro por meio da sede do Instituto Lula. Além do petista, também foram denunciados o ex-ministro Antonio Palloci e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto.

De acordo com a denúncia, eles são acusados de "dissimular o repasse de R$ 4 milhões durante o período compreendido entre dezembro de 2013 e março de 2014". De acordo com as investigações, "os valores ilícitos" teriam sido "repassados mediante quatro operações de doação simulada realizadas pelo Grupo Odebrecht em favor do Instituto Lula, cada uma no valor de R$ 1 milhão".

O MPF afirma que existiam "contas correntes informais" para que a Odebrecht fizesse o repasse de valores milionários ao ex-presidente Lula por meio da reforma de imóveis. A procuradoria destaca que entre esses imóveis estão "uma cobertura triplex no Guarujá/SP e um sítio em Atibaia", que "já foram reconhecidas pelo Juízo Federal da 13ª Vara de Curitiba e pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região".

Lula foi julgado, no caso do triplex, pelo ex-juiz Sérgio Moro, que é acusado pela defesa do petista de conduzir o caso de forma parcial, com interesses políticos. Moro deixou o cargo de magistrado para ocupar a vaga de ministro da Justiça no governo do presidente Jair Bolsonaro, e deixou, também, o posto no governo, após acusar o chefe do Executivo de tentar interferir na Polícia Federal.

Na peça enviada à Justiça, o Ministério Público afirma que "para dissimular o repasse da propina, Marcelo Odebrecht (então presidente da Odebrecht", atendendo a pedido de Lula e Okamotto, determinou diretamente que o valor fosse transferido sob a forma de doação formal ao Instituto Lula".

"Porém, conforme indicam as provas reunidas, os valores foram debitados do crédito ilícito de propina contabilizado na 'Planilha Italiano', mais especificamente da subconta chamada “amigo” (rubrica referente a Lula, conforme as provas), na qual foi inserida a anotação “Doação Instituto 2014” no valor de R$ 4 milhões, como demonstrado por reprodução da planilha incluída na denúncia", completa a denúncia.

O procurador Alessandro Oliveira, novo coordenador da Lava-Jato no Paraná, afirma que existem inúmeras provas para comprovar as acusações. “São centenas de provas, de comunicações a planilhas e comprovantes de pagamento que ligam a doação formal de altos valores a possíveis ilícitos praticados anteriormente. Isso demonstra a complexidade e a verticalidade da análise realizada pela força-tarefa em diversas fases, nesse caso a lavagem de dinheiro, mas sem perder a noção de um contexto mais amplo de práticas", destaca.

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