Para o ministro das Comunicações, o cartão vermelho que o presidente Jair Bolsonaro apresentou para a equipe econômica é um conflito normal. “O presidente teve uma reação contra um secretário (Waldery Rodrigues) que tinha dado entrevista sobre congelar por dois anos a Previdência. O presidente ficou chateado. É normal este tipo de conflito”, afirmou, em live, nesta quarta-feira (16/9), no Instagram. “Ele não vai trocar apenas o nome de um programa para ter algo com o carimbo dele”, comentou.
Segundo Faria, 66 milhões de brasileiros recebem auxílio emergencial e 41% desses só têm esse benefício como renda. “Então são 25 milhões, sendo que 14 milhões recebem Bolsa Família, ou seja, tem 11 milhões que não recebem nada. Mas alguns voltarão a ter renda. Então, essa discussão tem que ocorrer dentro do Congresso”, disse. “O recado que o presidente tem dado é sobre responsabilidade com os gastos. Não que concordem em tudo, mas o presidente dá a autonomia principal ao ministro (da Economia) Paulo Guedes”, reiterou.
Recuperação da Oi
O ministro garantiu que o governo vê com bons olhos a alternativa de venda da parte móvel da operadora Oi, em recuperação judicial, para as três principais concorrentes, que fizeram uma oferta vinculante de R$ 16,5 bilhões. “É positivo que a Oi está tentando se resolver, pagar suas dívidas, sem ajuda do governo, dentro do mercado privado. Mas o governo não escolhe lado. É um facilitador do negócio”, explicou.
Faria disse que tem conversado com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que é grande credora da Oi, assim como bancos públicos. “Estão vendo que a Oi tem capacidade de quitar suas dívidas”, afirmou. O ministro disse que a avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode demorar mais se o consórcio formado por Claro, Tim e Vivo for o vencedor, porque teria de ser estado por estado. “Falei da nossa vontade que fosse feito o mais rápido possível, porque a dívida da Oi pode aumentar R$ 5 bilhões por ano.Vamos trabalhar junto com eles, para ter mais clareza sob o princípio da legalidade.”
Privatização dos Correios
“Vamos privatizar os Correios. O governo vai privatizar os Correios. Está na ordem do dia”, destacou o ministro. “A empresa ficou sob o guarda-chuva do ministério a pedido meu, mas precisamos aprovar no Congresso. O BNDES já contratou uma consultoria para subsidiar a privatização e eu vou pessoalmente conversar com os líderes no Congresso”, ressaltou.
Faria lamentou a greve dos funcionários da estatal. “Não é o momento, é pandemia, e os Correios estão em greve. Nem entrei no mérito, mas acho que isso foi muito ruim para eles. Todos precisam dar o melhor de si. Tem gente se virando para trabalhar. Não é hora de paralisar um serviço universal”, assinalou. O ministro disse que alguns pedidos são legítimos, mas tem privilégios absurdos como auxílio-peru. “Quem vai estabelecer as diretrizes é o Congresso e a consultoria. Composição acionária, universalização das entregas, tudo vai ser decidido no Congresso. Mas já existem cinco player interessados, como Magalu, DHL e Fedex.”
Reforma tributária
O governo deve aprovar a reforma tributária no fim do ano, estimou Faria. “O presidente Rodrigo Maia (da Câmara dos Deputados) está no fim do mandato e é liberal, tem uma pauta reformista. Vai querer deixar como seu legado”, avaliou. “Já temos alinhamento entre Senado e Câmara, falta compor com o governo. Acredito que até o meio de dezembro, será aprovada”, completou.
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