A segunda reunião seguida com os secretários do Ministério da Economia terminou às 22h20 desta quinta-feira (17/9), após quase quatro horas. A primeira durou mais do que isso e uma terceira está agendada para esta sexta-feira às 12h. O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, pivô da reação do presidente Jair Bolsonaro contra o programa Renda Brasil, continua trabalhando e está na lista dos convocados desta sexta. Há expectativa em relação à permanência de Waldery no governo, uma vez que a crise na pasta começou com as declarações do secretário sobre como obter recursos para o programa assistencial que acabou excluído da agenda do governo.
À tarde, o ministro Paulo Guedes cancelou sua participação em um evento, alegando um compromisso inadiável. Guedes foi ao Palácio do Planalto acompanhado de Waldery. Enquanto isso, o segundo encontro do chefe da pasta com todos os seus secretários foi colocado às pressas na agenda do ministro. A reunião da véspera havia sido convocada para alinhar o discurso da equipe econômica, justamente porque o presidente Bolsonaro criticou com veemência a proposta divulgada pelo secretário especial de Fazenda sobre congelar aposentadorias para conseguir recursos para o Renda Brasil.
“Quem porventura venha propor para mim uma medida como essa só posso dar um cartão vermelho”, disse Bolsonaro em um vídeo publicado na terça-feira, no qual anunciou que não se falaria mais em Renda Brasil até 2022. Guedes apressou-se em dizer que a advertência não era endereçada a ele. Ficou claro, assim, que o cartão era para Waldery. O secretário está num balança-mas-não-cai desde então. Chegou a se cogitar nos bastidores que Guedes esperava pelo pedido de demissão do secretário especial de Fazenda.
Organismo internacional
No entanto, uma fonte ligada à pasta disse ao Correio que o secretário não tem o perfil de pedir demissão. E que o governo estudava uma saída honrosa para ele, com sua nomeação para algum organismo internacional. “Acho difícil ele pedir demissão. Eu tinha imaginado uma saída para organismo internacional, mas outro secretário disse que vai e não são tantas vagas assim. Talvez sobre uma estatal para Waldery”, cogitou um dos integrantes do ministério da Economia.
Várias fontes já afirmaram que o secretário tem dificuldade de relacionamento. Reconhecem, ainda, que o ministro Paulo Guedes não demite ninguém. “Talvez seja essa a oportunidade. Porque está ficando insustentável. O desgaste é grande. Waldery já tinha dificuldades internas, não são de agora, mas acabou caindo numa armadilha”, observou o interlocutor ao jornal.
Caso a saída do secretário venha a se confirmar após a reunião desta quinta-feira, Waldery Rodrigues ampliará a lista de nomes ligados ao ministro da Economia que deixaram o governo do presidente Jair Bolsonaro. Em 2019, Joaquim Levy foi desligado do cargo de chefe do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por não avançar na agenda da “caixa preta”. Também no ano passado, o então secretário da Receita Federal Marcos Cintra foi demitido por Bolsonaro ao defender a adoção de um imposto sobre pagamentos, semelhante à CPMF. Este ano, já saíram os secretários do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, de Desburocratização e Gestão, Paulo Uebel, e de Desestatização, Salim Mattar.
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