esclarecimento

Boulos terá que explicar críticas a Bolsonaro em depoimento à PF

O advogado de Boulos, Alexandre Pacheco Martins, compareceu à sede da corporação, em Brasília para saber mais detalhes da intimação

O candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSol, Guilherme Boulos, foi intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento por conta de críticas na internet ao presidente Jair Bolsonaro. As informações foram publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, que diz que ele deve ser interrogado como parte de um inquérito aberto pelo Departamento de Inteligência Policial (DIP). O Correio entrou em contato com a PF para saber mais detalhes da investigação contra o político, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Ontem, o advogado de Boulos, Alexandre Pacheco Martins, compareceu à sede da corporação, em Brasília para saber mais detalhes da intimação e para recolher cópias da investigação. Segundo a assessoria de imprensa do candidato, se ele de fato tiver de falar à PF, o depoimento será em alguma data a partir de 8 de outubro.

Ao tomar conhecimento da decisão, Boulos usou as redes sociais para repudiar a atitude da corporação. Ele alegou que a PF foi usada indevidamente por Bolsonaro, contra quem concorreu à Presidência da República nas eleições de 2018.

Segundo Boulos, o presidente quer intimidá-lo e prejudicá-lo no pleito deste ano. Ele ainda comentou que o Bolsonaro recorreu à PF porque está com medo de que o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP), vice-líder do governo no Congresso Nacional, perca as eleições para a prefeitura paulistana — segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha, na semana passada, o parlamentar lidera as intenções de voto na capital, com 24%. O atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), é o segundo, com 20%, enquanto Boulos aparece em terceiro, com 9%.

“Nós não temos medo nem rabo preso. Bolsonaro está usando a PF para nos intimidar e eleger Russomanno. Isso mostra que eles têm medo da nossa candidatura, porque ela é a que tem mais chances de ir ao segundo turno e derrotar o Bolsodoria em São Paulo”, criticou Boulos, fazendo referência também ao governador João Doria (PSDB). Ele também reclamou que o sonho de Bolsonaro “é transformar a PF numa Gestapo”, a polícia secreta oficial da Alemanha Nazista.

O candidato ainda criticou que a corporação não seja utilizada para investigar a primeira-dama, Michelle, por ela ter recebido R$ 89 mil em depósitos efetuados por Fabrício Queiroz, suspeito de integrar um esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) quando era assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e movimentar cerca de R$ 1,2 milhão em nome do filho do presidente.

“Às vezes eu fico pensando se a Polícia Federal e o Ministério da Justiça não têm outras coisas para fazer, como, por exemplo, investigar o Queiroz”, atacou Boulos.
O Correio entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.