meio ambiente

Ministra Tereza Cristina diz que incêndios seriam menores se houvesse mais gado no Pantanal

Em audiência pública no Senado, a titular do Ministério da Agricultura afirmou que o boi é o "bombeiro do Pantanal" e poderia ter minimizado queimadas

Alessandra Azevedo
postado em 09/10/2020 16:07
Tereza Cristina em audiência pública remota do Senado:
Tereza Cristina em audiência pública remota do Senado: "O boi ajuda, ele é o bombeiro do Pantanal, porque é ele que come aquela massa do capim" - (crédito: Reprodução/TV Senado)

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, acredita que, se houvesse mais gado no Pantanal, os incêndios que devastam o bioma, há mais de dois meses, poderiam ser menores. Segundo ela, quando os bois comem capim seco ou inflamável, impedem que o fogo avance. A teoria foi compartilhada em audiência pública remota no Senado, nesta sexta-feira (9/10).

“Aconteceu um desastre porque nós tínhamos muita matéria orgânica seca, e, talvez, se nós tivéssemos um pouco mais de gado no Pantanal, teria sido um desastre até menor do que o que nós tivemos neste ano”, disse Tereza Cristina. “Eu falo uma coisa que, às vezes, as pessoas criticam, mas o boi ajuda, ele é o bombeiro do Pantanal, porque é ele que come aquela massa do capim.”

Segundo a chefe da pasta da Agricultura, o gado come a massa orgânica “para não deixar que ocorra o que, neste ano, nós tivemos” — o número mais alto de incêndios no Pantanal na história. “Com a seca, a água do subsolo também baixou em seus níveis. Essa massa virou o quê? Um material altamente combustível, incendiário”, continuou.

Não é a primeira vez que o governo defende a teoria dos “bois bombeiros”. Em setembro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, argumentou que as queimadas foram maiores este ano porque havia acúmulo de material orgânico. “A pecuária ajuda a diminuir a matéria orgânica, porque o gado come pasto e não deixa acumular”, disse, em live com o presidente Jair Bolsonaro.

Até sábado (3/10), 3,9 milhões de hectares do Pantanal tinham sido devastados pelas queimadas, de acordo com dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). A área destruída representa 26% do bioma. Desde janeiro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou mais de 17 mil focos de calor no Pantanal, número maior do que os 10 mil focos registrados em todo o ano de 2019.

 

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