PANDEMIA

Estudo mostra como polarização afeta comportamento em meio à pandemia

Apoiadores do governo Bolsonaro estão menos preocupados com o novo coronavírus e buscam menos informações sobre a covid-19 quando comparados a opositores

Natália Bosco*
postado em 13/10/2020 18:17 / atualizado em 13/10/2020 18:18
 (crédito: Alan Santos/PR)
(crédito: Alan Santos/PR)

A pesquisa “A comunicação no enfrentamento à covid-19”, liderada pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da Universidade de Brasília (CPS/UnB), analisou como a polarização política no Brasil explica as diferenças de comportamento dos brasileiros em meio à pandemia do novo coronavírus. O estudo entrevistou 2.771 pessoas, entre os dias 23 de setembro e 2 de outubro, de diferentes gêneros, idades, regiões geográficas e classes sociais.

De acordo com a publicação, opositores do governo federal “estão mais preocupados com a pandemia, sabem mais sobre a doença e têm maior intenção de se vacinar quando uma droga estiver disponível para a população”, diz trecho do estudo. Em contrapartida, os brasileiros que são apoiadores da gestão do presidente Jair Bolsonaro estão menos preocupados, sabem menos e também têm menor intenção de se vacinar.

Durante o processo de entrevistas, os participantes foram divididos em três grupos: os que consideram o desempenho do governo federal como “ótimo” ou “bom”, um total de 35,2%; os que consideram como “regular”, 21,6% dos participantes; e os que consideram como “ruim” ou “péssima”, formando 43,2% do total.

Os três grupos apresentaram diferentes comportamentos em relação à pandemia da covid-19. Do grupo mais crítico ao atual governo apenas 1,4% não estava nada preocupado com a doença. Já entre aqueles que estão satisfeitos com a administração do governo, 8,7% não estavam preparados para o combate à doença.

Entre os entrevistados que estão muito preocupados com a pandemia, 44,8% faziam parte do grupo insatisfeito com o governo e apenas 21% eram do grupo de simpatizantes.

O estudo mostra ainda que, em relação as três recomendações básicas de prevenção e contenção da doença (distanciamento social, uso de máscara e higiene das mãos), os apoiadores do governo Bolsonaro não se incomodam em ir a lugares onde há muita gente, têm evitado o uso de máscaras e não mudaram tanto a frequência com que lavam as mãos, em relação aos brasileiros que avaliam mal o governo.

A pesquisa foi realizada em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Western University (Canadá).

Conhecimento sobre a doença

Para medir o nível de conhecimento dos brasileiros entrevistados sobre a covid-19, foram aplicadas 17 questões relacionadas à transmissão do vírus, aos sintomas da doença e aos cuidados recomendados por autoridades sanitárias. Foi criado um índice de conhecimento que varia de 0 a 100 segundo o número de acertos. A média foi de 74,0.

“Isso quer dizer que, em média, cada participante acertou 74% das questões. Entretanto, entre os que avaliam o governo como “ótimo” ou “bom”, o nível de acerto foi de 69,0%; já os que consideram o governo “ruim” ou “péssimo” acertaram 79,3% das questões, ou seja, um pouco além de dez pontos percentuais a mais”, aponta trecho do estudo.

Vacinação

Quando questionados sobre a intenção de vacinação contra o novo coronavírus, a pesquisa aponta como “estatisticamente significativos” os níveis de diferença das respostas entre os apoiadores e não-apoiadores do atual governo federal. 8,1% daqueles que simpatizam com o governo disseram que não têm nenhuma chance de se vacinarem e 54,5% desse grupo disse que irá buscar a vacina.

Já no grupo que avalia negativamente a atuação do governo, 1,7% diz que não têm nenhuma chance de se vacinar e 79,2% possuem muita chance de se vacinar.

*Estagiária sob supervisão de Andreia Castro

 

 

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