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Operação da PF também encontrou pepita na casa do senador do dinheiro na cueca

Ação da PF na casa de Chico Rodrigues descobriu uma pedra de cor amarela, cuja suspeita é de que tenha fragmentos de ouro. Relatório também aponta o senador como chefe de um esquema de corrupção montado para desviar recursos do combate ao coronavírus

Renato Souza
postado em 23/10/2020 06:00
 (crédito: Jefferson Rudy/Agencia senado)
(crédito: Jefferson Rudy/Agencia senado)

Não foi só dinheiro na cueca e no cofre o que a Polícia Federal (PF) apreendeu na residência do senador Chico Rodrigues (DEM-RR). Na operação, os agentes também encontraram o que parece ser uma pepita de ouro. Após a ação na casa do senador, a polícia registrou, em seu termo de busca e apreensão, uma “pedra, supostamente caracterizada como pepita de ouro, encontrada no cofre do quarto do senador”.

No momento da operação, o senador não soube explicar ou comprovar a origem, tanto da pedra, quanto dos valores em sua residência. Por isso, tudo foi apreendido. Havia R$ 10 mil e US$ 6 mil no cofre, além dos R$ 33 mil escondidos nas vestes íntimas do senador. A soma resulta em R$ 70 mil, se convertidos os dólares à moeda brasileira na cotação do dia.

“Quanto aos valores, o senador não soube explicar ou comprovar sua origem; e, da mesma forma, a origem da pedra, supostamente uma pepita de ouro, razão pela qual todos os objetos foram apreendidos”, disse a PF no relatório da operação.

Chefe da corrupção

Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF afirma que o senador é o chefe de um esquema de corrupção montado para desviar recursos destinados ao combate à pandemia de coronavírus em Roraima. De acordo com a corporação, o parlamentar atuava como “gestor paralelo” da Secretaria de Saúde do estado. Entre os crimes apontados, está o de que ele cobrava o empenho de emendas parlamentares para empresas que participavam da organização.

Em um dos trechos do relatório, a PF afirma que o parlamentar questionou um responsável pela liberação do pagamento da compra de álcool em gel sobre os repasses para uma empresa. “Você adiantou o pgto da Gilce/18: serviços?”, teria escrito o parlamentar. Os investigadores alegam que “tudo indica que o senador estaria cobrando o pagamento da empresa Haiplan Construções Comércio e Serviços Ltda. tendo em vista que um dos sócios da empresa é Júlio Rodrigues Ferreira, marido de Gilce de Olliveira Pinto”.

Ainda de acordo com as diligências, o produto entregue é álcool 65%, que seria útil para a limpeza de móveis e objetos, mas não é eficiente para a esterilização de vírus, como é o caso do agente causador da covid-19. “A forma com que o senador cobrava o pagamento indica que o parlamentar estaria atendendo não apenas aos interesses do estado de Roraima, mas, também, aos seus próprios”, afirma o relatório da PF. O caso está com o ministro Luís Roberto Barroso, que, na quarta-feira passada, levantou o sigilo do processo.

Manuscritos

Além de bens e valores, a PF apreendeu um manuscrito contendo a descrição de um fluxograma relacionado à mudança do secretário de Saúde de Roraima, Francisco Monteiro, e a compra de respiradores, com valor de R$ 1.800.000”. A informação é relevante para a investigação em andamento no Supremo, uma vez que existe a suspeita de que a demissão do ex-secretário de Saúde do estado, Allan Garcês, em fevereiro deste ano, teria sido arquitetada, para promover ao posto titular o adjunto de Garcês, Francisco Monteiro Neto –– descrito no inquérito como alguém que dava apoio às demandas de Rodrigues, assim como o servidor da secretaria Francisvaldo de Melo Paixão.

As apreensões pela PF também incluíram “sete laudas descrevendo uma planilha de cotação de preço de medicações e 11 materiais médico hospitalares, localizadas sobre a mesa no escritório”, bem como “sete folhas de papel contendo relação de preço de materiais médico-hospitalares”. Os policias ficaram com um “caderno com timbre do Senado Federal, contendo várias anotações, dentre elas a destinação de valores a vários hospitais provenientes do fundo nacional de saúde, encontrados no quarto do senador”.

Em nota, a defesa do senador negou as acusações. “Todos os bens e valores do senador têm origem lícita, de forma que inexiste razão para a perseguição da qual ele é vítima”, garantem os advogados.

 

 

 

 

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