O presidente Jair Bolsonaro participou, ontem, das celebrações do Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira, na Base Aérea de Brasília, em uma cerimônia que marcou a apresentação da primeira unidade do novo caça da Aeronáutica, o F-39 Gripen, aeronave produzida pela empresa sueca Saab e que terá a tecnologia transferida para o Brasil.
O F-39 Gripen deve entrar em operação no fim de 2021. Serão fabricados, pelo menos, mais 35 modelos da aeronave em solo brasileiro. De acordo com o governo, os caças serão usados para a proteção do país e realizarão missões de controle e reconhecimento do espaço aéreo, além de operações de ataque.
Bolsonaro disse que “2020 será um ano marcante na vida da Força Aérea Brasileira”. “Fomos capazes de colocar no ar dois vetores que podem transformar, de forma irreversível, nossa operacionalidade, nossa capacidade logística e de afirmar nossa superioridade nos 22 milhões de quilômetros quadrados de espaço aéreo, indispensáveis à nossa soberania”, afirmou.
Ele comentou a importância das FAs. “Quando tudo se diz parecer incerto, lembre-se das Forças Armadas. Como bem diz a história, elas sempre estarão prontas para defender a pátria e para garantir a nossa liberdade”, frisou o presidente, que também homenageou Alberto Santos Dumont, pai da aviação, pelos 114 anos do primeiro voo do 14 Bis.
Na cerimônia, os ministros da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, foram condecorados com a medalha da Ordem de Mérito Aeronáutico, a mais importante honraria da Força Aérea. Ela é concedida a personalidades civis e militares, brasileiras ou estrangeiras, por terem se destacado no exercício da sua profissão ou em reconhecimento aos serviços prestados ao país.
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Aeronaves suecas e transferência de tecnologia
Assinado em 2014, o acordo entre o governo brasileiro e a empresa sueca Saab, fabricante dos caças multimissão Gripen E, denominado F-39E Gripen pela Força Aérea Brasileira (FAB), foi oficialmente celebrado ontem, no Dia do Aviador. A aeronave fez um voo sobre a base aérea.
O caça é uma unidade de testes equipada com instrumentos para a continuidade da campanha de ensaios, que teve início em agosto de 2019, na Suécia. A aeronave chegou ao Brasil em 20 de setembro e, três dias depois, fez seu primeiro voo no país, entre Navegantes (SC), onde aportou de navio, e Gavião Peixoto (SP), no Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen, junto a uma planta da Embraer.
O acordo, fechado por 39,3 bilhões de coroas suecas, em valores de 2014, o equivalente a cerca de US$ 4,5 bilhões na conversão atual, prevê a transferência de tecnologia para produção, operação e manutenção das aeronaves e a entrega de 36 Gripen a partir de 2021. Os primeiros caças serão liberados à FAB, em Anápolis (GO), a partir do final de 2021 até 2026. Serão 28 monopostos e oito com dois lugares.
Mais do que modernizar a FAB, o Programa Gripen garante atividades de desenvolvimento conjunto, por cooperação entre a Saab e empresas nacionais selecionadas como beneficiárias de transferência de tecnologia. Uma empresa do Rio Grande do Sul, a AEL Sistemas, que ia fornecer os displays apenas para as aeronaves brasileiras, acabou sendo escolhida pela Saab como fornecedora global da companhia. “Esse é o resultado de uma colaboração real entre Brasil e Suécia e uma grande oportunidade para estreitar ainda mais os laços entre os países”, disse o CEO da Saab.
Ao longo do programa de transferência de tecnologia, 350 técnicos e engenheiros brasileiros estão participando de treinamentos teóricos e práticos, na Suécia. Mais de 230 profissionais já concluíram os cursos.
Três perguntas para / Micael Johansson, presidente e CEO da Saab
Qual é a importância desse programa para os dois países e quais adaptações foram necessárias para as aeronaves que serão entregues ao Brasil em relação aos caças suecos?
O evento foi um grande marco e é a prova de que o programa é bem-sucedido, não somente em relação à entrega das aeronaves, mas para a relação entre Brasil e Suécia. Estamos trabalhando com a indústria de forma conjunta, em uma parceria que vai durar muitos anos, e isso é o mais importante para mim. Sobre as adaptações, foram mais certificações e testes adicionais. Não houve muitas mudanças, mas fizemos muitos testes nos sistemas de controle de voo e de climatização. Isso foi importante para saber se iam lidar bem com o ambiente em condições climáticas tropicais.
O programa prevê transferência de tecnologia sueca para o Brasil e ocorreu uma transferência reversa, com a empresa AELtornando-se fornecedora global da Saab. Como avalia a indústria nacional?
O Brasil tem uma indústria excelente na área aeronáutica. Isso é muito importante para nós, porque nós trocamos tecnologia. Há muita capacidade neste país. E a transferência só pode ser feita se existe competência. Eles vão ser parte da cadeia global de fornecimento dos displays das telas do cockpit e dos capacetes. Vão ser usados na Suécia e em outros países para os quais vendemos as aeronaves. A indústria brasileira será parte desse programa, não somente no Brasil, mas em outros países. Como é uma parte muito importante do equipamento, será um fornecimento praticamente exclusivo. Somente se o cliente realmente quiser algo diferente, mas isso seria um redesenhamento completo, então, não vejo isso. A Suécia vai ter o mesmo cockpit do Brasil.
Qual é o principal uso ou o mais eficaz dos caças Gripen?
É um caça multimissão, então, estamos falando de ataques no ar para o ar, do ar para o solo e mar e reconhecimento direto. O sistema pode ser trocado no voo. Então, não há necessidade de voltar para as bases, e pode executar várias missões em uma só decolagem. É ágil nesse aspecto. É um sistema muito integrado com vários tipos de sensores, nós colocamos muito esforço na interface homem/máquina para o piloto entender o que está vendo no cockpit.
Flávio procura GSI e Abin
A defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) admitiu ter procurado o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) com o intuito de obter ajuda para desvendar supostas ilegalidades cometidas por servidores da Receita Federal no Rio, durante a produção de relatórios que apontaram movimentações suspeitas em contas do parlamentar. Flávio é acusado de chefiar um esquema de rachadinha no gabinete quando era deputado na Assembleia Legislativa do estado. As suspeitas começaram após relatórios de inteligência financeira apontarem transações suspeitas de R$ 1,2 milhão na conta dele.
Ontem, a revista Época publicou que o presidente Jair Bolsonaro participou, em 25 de agosto, da reunião para tratar do assunto relativo à Receita, na qual estiveram presentes advogados do filho; o ministro do GSI, Augusto Heleno; e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.
Os advogados de Flávio disseram que o GSI, órgão atrelado à Abin, foi acionado porque o episódio envolve “a família do presidente Jair Bolsonaro”. De acordo com a revista, meses após atuar no caso, o GSI não confirmou as suspeitas da defesa do parlamentar contra servidores da Receita.
Segundo os advogados de Flávio, existiria uma organização criminosa na Receita, o que, se confirmado, poderia levar à anulação das apurações contra ele e deputados estaduais investigados. “A defesa do senador esclarece que levou ao conhecimento do GSI as suspeitas de irregularidades das informações constantes dos Relatórios de Investigação Fiscal lavradas em seu nome, já que diferiam, em muito, das características, do conteúdo e da forma dos mesmos relatórios elaborados em outros casos, ressaltando-se, ainda, que os relatórios anteriores do mesmo órgão não apontavam qualquer indício de atividade atípica por parte do senador”, informaram.
Parlamentares da oposição defenderam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o eventual uso da Abin em prol da defesa de Flávio. O deputado Alessandro Molon, líder do PSB, e outros congressistas recolhem assinaturas para criar a comissão.